Criança e Saúde

Criança e Saúde
Conheça o novo site!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Lesões nos Esportes Escolares




Uma reflexão para pais e educadores


  Um dos objetivos da educação física é motivar a criança a praticar esporte durante a vida toda. Além disso, visa apresentar diversas modalidades esportivas, ensinar as suas regras e técnica dos movimentos básicos. 


VOCÊ SABIA?

  Cerca de 50% das lesões que ocorrem em crianças na escola, ocorrem durante a aula de educação física.

  Estatísticas também revelam que cerca de 5% de todos os alunos matriculados nas redes de ensino se lesionam por ano durante a educação física.

  Lesões podem trazer além das consequências físicas para o jovem, o seu afastamento das aulas durante o tratamento e a preocupação dos pais com relação a possíveis sequelas.

  É importante conhecer e estudar as causas dos acidentes, o tipo de esporte praticado e a localização da lesão, pois muitas lesões em crianças podem ser prevenidas.

MODALIDADES ESPORTIVAS



  A maioria das lesões ocorre em esportes populares. Futebol em primeiro lugar seguido de perto pelo Basquete. Vôlei e Handebol em terceiro e quarto lugares respectivamente.

CAUSAS DAS LESÕES



  A maioria das lesões ocorre durante movimentos básicos, comuns a muitas modalidades. Normalmente ocorrem quando as crianças estão correndo, saltando ou agarrando bola.

  Os esportes com bola são os responsáveis pela maioria das lesões, pois são esportes coletivos de contato. Também porque exigem do praticante uma complexidade dos movimentos para as competições (coordenação motora, flexibilidade e força). Esportes individuais têm menor índice de lesões.

FAIXA ETÁRIA

  A faixa etária com mais incidência é a adolescência, com idade média de 13 anos.

LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES


  Membros superiores são os locais mais comuns, principalmente os ossos das mãos e dos dedos. Punho e cotovelo também merecem consideração.

  Membros inferiores vêm em segundo lugar, sendo os tornozelos as articulações mais comprometidas.

  Em terceiro lugar temos os traumatismos cranianos decorrentes de quedas ou colisões entre os jovens.

TIPOS DE LESÕES

  O principal motivo de atendimento médico é Entorse (lesão ligamentar aguda, onde a articulação fica inchada, roxa e dolorosa), sendo os tornozelos a principal articulação acometida .Dedos das mãos também são frequentemente acometidos.

  Em segundo lugar vêm as Contusões, ou seja, lesões decorrentes de trauma na articulação ou membro, sem provocar danos aos ossos.

Fraturas, principalmente dos dedos das mãos, vem em terceiro lugar.

HOSPITALIZAÇÃO



  A maioria das lesões não necessita internação hospitalar. As principais causas de internação são fraturas que necessitam de tratamento cirúrgico ou nos traumatismos cranianos, onde o sistema nervoso central precisa ser monitorado.

QUANDO OCORRE A LESÃO?

  Estudos revelam que a maioria das lesões ocorrem no meio ou ao final da aula de educação física, devido a redução na concentração e motivação para realizar os movimentos adequados, bem como fadiga e redução de coordenação motora da criança.

PREVENÇÃO

  A maioria das lesões ocorrem em condições de competição, em esportes coletivos com bola, por exemplo. Nesta situação é exigido da criança movimentos complexos como habilidade em controlar a bola, proteção contra adversários, drible, força e flexibilidade.

  É preciso ter certeza que o jovem possui estas características antes de submetê-lo a situação de risco representada pela competição.

  Estudos concluem que mais da metade das lesões em esportes coletivos ocorrem por erros de técnica nos movimentos básicos da modalidade.

  Portanto, é importante ressaltar que o treino técnico das modalidades é fundamental e deve ser executado com o máximo empenho, visando condicionar o jovem a realizar os movimentos adequadamente para usá-los em condições de competição.





  É importante condicionar o jovem a ter precisão na execução do movimento.Capacitar profissionais para treinar o jovem adequadamente também é fundamental. 

  Outro ponto importante sugerido pelos estudiosos no assunto é que sejam feitas adaptações no número de participantes nas modalidades esportivas. A diminuição do número de participantes nos jogos tem um efeito em aumentar os espaços na quadra, diminuindo assim o contato entre os participantes protegendo-os contra lesões. Com a evolução do treinamento e aquisição das habilidades necessárias, o número de participantes passa a ser o normal da modalidade.

  Cabe também ao profissional de educação física perceber as habilidades motoras de cada jovem e tentar reuni-los em grupos homogêneos no momento das competições, impedindo que jovens com aptidões motoras muito diferentes participem do mesmo evento competitivo com jovens mais maduros do ponto de vista do desenvolvimento motor.

  Nunca é demais enfatizar a importância do uso dos equipamentos de proteção de cada modalidade na prevenção de lesões.

  Cabe a instituição de ensino e todos os profissionais que lidam com o jovem preocuparem-se com a integridade física de seus alunos. 





Um abraco a todos,
Dr. Maurício Rangel

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Joanete na Adolescência


Saiba o que fazer


  Joanete é a denominação popular para o desvio lateral do grande dedo do pé em direção aos menores dedos. Em grandes deformidades haverá sobreposição do segundo dedo sobre o primeiro. A denominação médica é “Halux valgo juvenil”.


  Muitas vezes a deformidade é observada no início da adolescência, podendo estar associado ou não a dor e dificuldade com o uso de calçados. Portanto, adolescentes podem ter joanete e o diagnóstico precoce tem sua importância para prevenir grave deformidade.


  Ocorre grande preocupação por parte dos familiares e do próprio paciente com o aspecto estético do dedo e do pé. Frequentemente procuram o atendimento médico visando alívio da dor e melhora na aparência do pé.




Qual a causa do Joanete?

  A causa é desconhecida. Não há um único fator responsável pela deformidade. Existem múltiplos fatores que contribuem:


- História familiar positiva é um fator a ser considerado. 


- Predileção quanto ao sexo: Sabemos que joanete é mais frequente em meninas


- Hipermobilidade articular, pode ser constitucional ou secundário à síndrome genética como a Síndrome de Down, onde o excesso de movimento das articulações como um todo favorecem a gênese da deformidade dos pés


- Uso de calçados com a parte de frente estreita, que apertam os dedos contribuindo para desvio lateral do primeiro dedo




- Uso de salto alto: Sabemos que as meninas vaidosas na adolescência e, algumas vezes mesmo antes desta fase, têm interesse em usar sapatos com salto, sendo isso considerado fator de risco para deformidade nos dedos


Os malefícios do salto alto em jovens e adolescentes


  A elevação da parte de trás do calçado proporcionado pelo salto alto, faz com que ao longo da caminhada o pé escorregue para frente do calçado.


  Geralmente, sandálias de salto têm a parte da frente estreita e, consequentemente, essa combinação de fatores vão fazer com que os dedos fiquem espremidos na frente do calçado, favorecendo ao desvio não só do grande dedo como dos demais também. 


  Além disso, caminhar com a parte de trás do pé elevado durante a fase de crescimento dos jovens, a longo prazo, vai proporcionar o encurtamento da musculatura da panturrilha, o que é outro fator de risco para a deformidade dos dedos. 


  Sandálias de salto fazem com que o peso do corpo fique localizado só na frente do pé, com isso muito peso é apoiado em uma pequena área, gerando calosidades dolorosas e muitas vezes intratáveis, dificultando a marcha de longos trajetos.


A Consulta Médica



O que é importante analisar?


- O formato do pé com o jovem em pé. 


- Como se comporta o pé na marcha.


- Examinar o arco medial do pé (curvinha).


- Saber se há ou não hipermobilidade das articulações e analisar o surgimento e localização de calosidades dolorosas


Exame de imagem é necessário?

  Sim, é fundamental. Com isso conseguimos classificar a deformidade em leve, moderada ou grave. Essa classificação se baseia em ângulos traçados pelo médico assistente no exame de imagem. Além disso, é possível diagnosticar alterações anatômicas nas articulações do pé.


Programando o Tratamento


  O motivo da consulta é dor no dedo ou nas calosidades, e a preocupação é com o aspecto do pé.


  O tratamento conservador visa orientação quanto a mudança nos tipos de calçado, evitando calçados com a frente estreita, o uso de salto alto. Deve ser dada sempre preferência por calçados com a frente mais larga de formato quadrangular evitando a frente de aspecto triangular. O tratamento conservador não corrige a deformidade, apenas alivia sintomas e evita os fatores de risco para a progressão.


Quando está indicado cirurgia?

  Assunto controverso na literatura mundial. Os melhores resultados estão associados às correções próximo da maturidade esquelética, evitando assim riscos de recidiva com o crescimento. Parece consenso que a cirurgia só deve ser feito em casos dolorosos que falham com o tratamento conservador. Cirurgia por simples questão estética é contra indicada. Existem várias técnicas operatórias, sendo que cada caso deve ser avaliado individualmente.




  Portanto, joanete não é patologia só de adulto. Muitas vezes a deformidade surge na adolescência. Diagnóstico precoce e recomendações quanto aos calçados adequados são fundamentais para evitar que a deformidade piore. Em caso de falha do tratamento conservador, e em pacientes próximo da maturidade esquelética, a cirurgia oferece bons resultados no quesito analgesia, função e estética dos pés.


Um abraço a todos,
Dr. Maurício Rangel

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Escoliose Idiopática


Como tratar?



  Escoliose é um desvio lateral da coluna com rotação do corpo vertebral, caracterizando curvas rígidas conhecidas como estruturadas.

Como surge? 

Existem causas bem definidas para a escoliose que são:
- Doenças Neuromusculares - Escolioses da Paralisia Cerebral, Mielomeningocele, Distrofias Musculares

-Malformação das vértebras - Escolioses Congênitas, seja por hemivértebra (onde só metade da vértebra cresce), ou barra óssea (onde uma vértebra nasce unida a outra impedindo o crescimento adequado da coluna)

- Síndromes genéticas, como a Síndrome de Down

- Escoliose distrófica da Neurofibromatose

- Escoliose secundária a outras patologias, são as ditas "escolioses não estruturadas" - Desigualdade no comprimento dos membros inferiores, ou patologias dolorosas da coluna como hérnias discais, infecção intervertebral-discite, tumores vertebrais

- Escolioses idiopáticas, em que a causa não é definida e que será discutida neste artigo


Como se manifesta?


  Principal queixa é deformidade onde um ombro é mais alto do que o outro, ou existe uma assimetria na cintura.
  Não há dor. Queixas dolorosas devem chamar atenção para outras patologias associadas na coluna.
  No exame físico observamos surgimento de gibosidade quando solicitamos ao paciente inclinar o tronco para frente - como na foto:



Quais as idades de surgimento?



Escolioses idiopáticas são classificadas levando em consideração a idade:

Infantil- quando surge entre 0 e 3 anos

Juvenil- quando surge entre 4 e 10 anos

Adolescente - surge acima de 11 anos

Existe predileção quanto ao sexo?


  Sim, escolioses idiopáticas são mais comuns em meninas e há um componente hereditário associado, sendo frequente encontrarmos história familiar positiva para a deformidade.

Qualquer desvio lateral da coluna é considerado escoliose?


  Não, esse conceito é muito importante! Do ponto de vista radiológico, com radiografia panorâmica da coluna vertebral com o paciente em posição de pé, só podemos definir como escoliose aquelas curvas que são maiores ou iguais a 10 graus. Existe um método de medição, feito pelo médico assistente, conhecido como método de Cobb. Portanto curvas de valor menor do que este, não são consideradas patológicas e não preocupam.

Quais os tipos de curva existentes?



 Na escoliose idiopática juvenil e do adolescente o mais comum é curva na coluna torácica a direta, ou seja, a convexidade da curva é para o lado direito. Porém, existem curvas secundárias compensatórias caracterizando assim dupla curva e até tripla curva. O exame de imagem adequado e com boa qualidade é fundamental para essa classificação, conhecida com Lenke, mais moderna e utilizada no mundo todo.

Após confirmação com exame físico e de imagem, como programar o tratamento?


Vários fatores são levados em consideração:

- Idade do diagnóstico
- Tamanho da curva inicial
- Grau de maturidade do esqueleto
- Em meninas,o surgimento da menstruação caracteriza a fase de crescimento rápido da coluna, estirão da adolescência, onde deformidades tendem a piora se não tratadas
- Biotipo do paciente
- Auto-estima do paciente com sua visão corporal

  Em linhas gerais, levando em consideração só o tamanho da curva, curvas menores de 25 graus devem ser tratadas com exercícios e atividade física, acompanhadas a cada 6 meses quanto a progressão ou não.
  Curvas entre 25 e 45 graus, dependendo da idade , maturação do esqueleto e, nas meninas, do surgimento ou não da menstruação, devem ser protegidas com colete.

Existem vários tipos de colete para escoliose:


- Milwaukee/ Charleston/ OTLS: São os coletes mais utilizados. Cada um tem uma indicação específica na dependência da localização da curva e do biotipo do paciente.
Com relação ao tempo de utilização do colete, muita controvérsia é vista na literatura mundial e varia desde 23 horas por dia, até o uso só durante 8 horas noturnas.

  Importante ressaltar que os coletes não tem por objetivo corrigir a curva, seu único objetivo é impedir a progressão da deformidade enquanto o paciente esta em crescimento.
  Frequentemente são associados medidas fisioterápicas de reeducação postural global associadas ao uso de colete.

Como é feito o seguimento?


  Geralmente a cada 6 meses com exame físico e de imagem. Ajustes no colete também são importantes, sempre orientado pelo médico em contato com o profissional que fez o colete (técnico em órteses).

Quando o tratamento é cirúrgico?


Em curvas progressivas,com falha do tratamento conservador e que atingem valores maiores ou iguais a 45 graus.



Por que? 


  Curvas com esse valor são graves e levam a descompensação do tronco, insatisfação com a visão corporal por parte do paciente e familiares, além de, a longo prazo, levarem a dor por mal alinhamento das articulações.

  São cirurgias de grande porte, porém com métodos modernos de fixação e correção da curva, trazem ao paciente satisfação com o resultado. Não é usado colete pós operatório.A técnica operatória utilizada é conhecida por artrodese vertebral com instrumentação.

  Existem métodos de monitorar a função neurológica durante a cirurgia (potencial evocado), garantindo proteção as medula espinhal e raízes nervosas durante a correção da deformidade.Protegendo o tecido nervoso de complicações decorrentes da correção aguda da deformidade.

  Deve ser levado em consideração na indicação não só o valor da curva mas também a vontade do paciente em corrigir a deformidade.

  Como vimos o tratamento da escoliose é complexo, longo e com muitas variáveis de cada caso. O tratamento deve ser sempre individualizado e o acompanhamento médico periódico, visando o melhor resultado final do ponto de vista estético e funcional.

Um abraço a todos,
Dr. Maurício Rangel

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sinovite Transitória do Quadril



Quadril em observação 



O que é isso?


  A Sinovite Transitória do Quadril é a principal causa de dor no quadril em crianças abaixo de 10 anos. Trata-se de uma inflamação no quadril de causa desconhecida, auto-limitada e não infecciosa. É mais frequente em crianças muito ativas, podendo ocorrer na presença de quadro viral sistêmico, sendo denominado de Sinovite Reativa.

Como se manifesta?

Existem duas formas de apresentação:


- Dor aguda, de inicio abrupto;


- Dor de instalação lenta e progressiva, localizada no quadril propriamente dito ou referida no joelho. Geralmente se manifesta com claudicação (mancar), porém pode ser de forte intensidade, impedindo a criança de caminhar e até dificultado os movimentos para troca de roupa. 


  Importante ressaltar que o estado geral da criança permanece normal. Não apresenta febre, abatimento, perda do apetite.


O que encontramos no exame físico?


  Dor com a mobilidade passiva do quadril, principalmente abdução (abertura da perna). 


  Dado importante: 


- Não há bloqueio da mobilidade, só limitação quando comparado com o lado contra-lateral. 


- Não há sinais inflamatórios locais (inchaço, vermelhidão). 


- A criança geralmente está mancando grosseiramente, podendo inclusive não conseguir caminhar.


Quais as outras causas de dor no quadril nesta idade?

  O principal diagnóstico diferencial é com Artrite Séptica (infecção da articulação). A criança apresenta febre, abatimento, perda do apetite, rigidez (bloqueio do movimento do quadril) e sinais inflamatórios na articulação. Geralmente está com quadro infeccioso agudo em outro local, podendo ou não estar em uso de antibiótico. Trata-se de uma urgência ortopédica.


  É muito importante fazer essa diferenciação porque o tratamento e o prognóstico são completamente diferentes.

Exames de imagem são importantes?


  Sim, a rotina recomendada é realizar radiografia e ultrassonografia do quadril. A radiografia tem como objetivo afastar outras possibilidades de diagnóstico diferencial. A ultrassonografia identifica o aumento de líquido sinovial, bem como a presença ou ausência de grumos.


Quando pedir exames de laboratório?


  Só devem ser solicitados se história e exame físico forem sugestivos de infecção. Sempre em casos de dúvida entre as duas patologias. Os marcadores de inflamação têm papel importante quando elevados, sugerindo causa infecciosa para a dor.


Como tratar?


 O Tratamento é conservador, feito com medicamentos que visam diminuir a inflamação e dor. Recomenda-se repouso relativo da articulação, ou seja, a criança pode caminhar de acordo com a tolerância. Esportes devem ser evitados no período de sintomas. A expectativa, em se tratando de Sinovite, é de melhora progressiva geralmente em 7 dias.


  A criança deve ser observada de perto durante o tratamento. Contato frequente com a família é importante. Surgimento de piora, após o inicio do tratamento, obrigatoriamente deve ser reavaliado, pois, provavelmente, é outro diagnóstico e outras medidas deverão ser tomadas.


Vai deixar sequela?

  Não, o quadro é benigno, com resolução completa dos sintomas, sem nenhum prejuízo a articulação e retorno a marcha normal e prática esportiva sem restrição.


Pode acontecer novamente?

 Sim, algumas crianças podem ter recidiva dos sintomas por mecanismos ainda desconhecidos. A investigação deve ser recomeçada independente do número de episódios prévios.






Um abraço a todos,
Dr. Maurício Rangel