Criança e Saúde

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Qual é o alinhamento normal das pernas do adolescente?


Deformidades nas pernas das crianças e adolescentes são sempre uma preocupação para os pais.


As pernas tortas, seja para dentro ou para fora, geram muita polêmica quanto as diversas formas de tratamento existentes ao longo dos anos e das gerações.

Aqui, o leitor terá a oportunidade de conhecer o que de mais moderno e atual existe quanto ao alinhamento das pernas de adolescentes.

Chamamos de geno varo, a deformidade em que, ao ficarmos em pé e encostarmos um tornozelo no outro, observamos que os  joelhos estão arqueados e afastados (popularmente conhecido como pernas arqueadas ou joelhos para fora).




Chamamos de geno valgo, a deformidade em que, na postura ereta, ao encostarmos os joelhos, observamos um afastamento dos tornozelos (popularmente conhecido como pernas em tesoura, joelhos para dentro ou em "X")




Chamamos de alinhamento reto das pernas, aquelas em que, na postura ereta, ao encostarmos os joelhos, observamos que os tornozelos também se tocam, lado a lado.

Para que os membros inferiores estejam com alinhamento normal, não necessariamente precisam ser retos, ou seja, ter geno varo ou geno valgo leve, pode ser considerado fisiológico e normal.

Existe uma história natural para o alinhamento das pernas das crianças e, de acordo com as idades, sabemos, ao exame físico ortopédico, que tipo de deformidade deverá existir.




Deformidades fisiológicas, ou seja, aquelas que são própias para as idades em que estão sendo avaliadas as crianças, não devem ser tratadas pois, a sua evolução é para correção espontânea.

São contra-indicadas quaisquer medidas de tratamento que são ineficazes e que não interferem na evolução natural dos casos fisiológicos.

Sabemos que além das idades, o alinhamento dos membros inferiores sofre influências também relacionadas ao sexo, peso, raça e da história familiar de pai e mãe.

Estudos revelam que na adolescência existem diferenças no alinhamento das pernas entre os meninos e meninas.

Nesta fase, é mais comum em mulheres,  encontrarmos angulação em valgo, constante e estável, dos membros inferiores e, desde que, não seja acentuado, será considerado fisiológico.

Já nos meninos, na adolescência, apresentam uma angulação em valgo que tende a sofrer mudança nos últimos anos de crescimento esquelético, ou seja, a partir dos 14 anos de idade, é comum ocorrer uma alteração na angulação para um leve geno varo que, pode ser cosiderada fisiológico, desde que não seja acentuado.

Com relação ao adolescentes com sobrepeso e obesidade, estudos revelam que o geno valgo, nesses casos, tende a ser acentuado devido ao aumento de tecido adiposo nas coxas e joelhos bem como a sobrecarga nas estruturas ligamentares dos joelhos, superando a capacidade destas estruturas em manter o alinhamento articular, quando na postura ereta.

Como saber que uma deformidade em varo ou valgo não é acentuada para a idade?

Isso exige medições clínicas que são feitas na consulta médica, são as chamadas medições da distância dos tornozelos e joelhos quando são posicionados os membros inferiores lado a lado.

São avaliados também o índice de massa corporal do adolescente, a estabilidade ligamentar articular e os desvios rotacionais associados, muito comuns em deformidades angulares das pernas.

Outro dado muito importante na avaliação da deformidade é a análise do chamado eixo mecânico de carga do membro inferior.

Trata-se de uma avaliação, feita através de exame de imagem, em que são traçados linhas que representam a direção da força do peso corporal passando através das superficies articulares.




Quando uma deformidade é acentuada, o eixo mecânico de carga do membro inferior sofre um desvio que promoverá, a longo prazo, desgaste assimétrico articular, predispondo a degeneração precoce com surgimento de osteoartrose.





Conclusões:

Para saber se o alinhamento das pernas do adolescente está dentro do padrão de normalidade, todas esses fatores citados devem fazer parte da avaliação médica ortopédica, em consulta.

O tratamento só será necessário para aqueles casos que apresentem deformidades acentuadas e fora dos padrões fisiológicos.



Os objetivos do tratamento são alinhar os membros inferiores para a prevenção de desgaste articular precoce (osteoartrose) e aliviar a dor articular por sobrecarga mecânica, daqueles casos acentuados.

Deformidades fisiológicas e leves, não devem ser tratadas simplesmente por questões relacionadas a estética.


Um abraço a todos,

Dr. Mauricio Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Anemia falciforme em crianças e as queixas ortopédicas:




A anemia falciforme é uma doença hereditária em que ocorre uma alteração no formato normal da células vermelhas do sangue (hemácias).


As hemácias normais tem a forma arredondada, já as falcêmicas, adquirem a forma de foice, dando origem ao nome da doença.


Essa anormalidade no formato das células vermelhas do sangue favorece a obstrução ao fluxo sanguíneo para os diversos tecidos do corpo, inclusive para o sistema músculo-esquelético.

A doença também predispõe a infecções pois, existe anormalidade no sistema imunológico da criança.

A doença acomete predominantemente crianças da raça negra mas, pode também acometer crianças caucasianas, ou seja, de pele branca.




As queixas ortopédicas:

Durante o curso da doença é comum ocorrerem crises dolorosas agudas osteoarticulares.

Podem acometer os membros superiores mas, são mais comuns nos membros inferiores.

As dores esqueléticas são de forte intensidade e podem ser devido a duas causas pricipais:

- Obstrução ao fluxo sanguíneo para o osso, dando origem ao que chamamos de osteonecrose (infarto ósseo) ou;

- Infecção osteoarticular (Osteomielite - quando acomete o osso ou, Artrite séptica - quando acomete a articulação).

A diferenciação entre uma causa e outra, não é fácil porque, muitas vezes, as manifestações clínicas são semelhantes.




Dor esquelética aguda, de forte intensidade, febre, dificuldade para caminhar, limitação dos movimentos e sinais inflamatórios locais são queixas comuns nas duas situações.

Saber se estamos diante de um infarto ósseo ou de uma infecção esquelética é fundamental pois, o tratamento e prognóstico são muito diferentes.

O exato diagnóstico, muitas vezes, só pode ser estabelecido com exames complementares de imagem e laboratório, feitos em ambiente hospitalar.




Qualquer suspeita de infecção esquelética exige a coleta de material do segmento envolvido, sempre com a criança anestesiada, no centro cirúrgico. 

Punção óssea é realizada nos casos de suspeita de osteomilelite ou drenagem aberta de abscesso intra-ósseo se já houver coleção purulenta.

Nos casos de suspeita de artrite séptica, também indicamos a punção articular e, se o líquido sinovial for de aspecto purulento, a conversão imediata para drenagem aberta articular deve ser realizada.

O material colhido deve ser enviado para identificação do agente causador e identificação do antibiótico adequado para o tratamento.

Uma vez afastada a causa infecciosa, estaremos diante de uma quadro de crise álgica por obstrução ao fluxo sanguíneo ósseo e o tratamento não exigirá antibióticos.


As dores articulares intermitentes e crônicas:

Frequentemente ocorrem devido a osteonecrose da cabeça femoral (quadril), cabeça umeral (ombro), tornozelo (tálus), pé (navicular), coluna vertebral (corpo vetebral)

A necrose da cabeça femoral, na anemia falciforme, cursa com dor no quadril, limitação dos movimentos, contratura articular, ou seja, a articulação passa a adotar uma postura viciosa fixa, dificultando a marcha da criança.




O diagnóstico exige exame físico e de imagem e o tratamento pode ser conservador, visando a recuperação da mobilidade ou cirúrgico com a liberação dos músculos responsáveis pelas posturas viciosas (contraturas).

Os casos que evoluem para perda da relação anatômica articular do quadril, exigirão cirurgias de realinhamento ósseo.


Conclusões:




A anemia falciforme é uma patologia que exige acompanhamento multidisciplinar.

Pediatras, hematologistas e ortopedistas pediátricos devem estar atentos as principais manifestações clínicas.

Acompanhamento ortopédico deve ser regular devido as complicações articulares da doença, principalmente a necrose da cabeça femoral e cabeça umeral.


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br