Olá queridos pais e mães,
Quantos de vocês já não ouviram falar da famosa “dor do crescimento”? Este
termo foi passando de geração a geração e ainda hoje ouvimos em nosso dia a
dia. Mas crescer não é normal? Então não deveria doer, não é? Como crescer dói?
Vamos
voltar a tempos remotos, onde os estudos das causas das dores articulares nas
crianças não eram totalmente esclarecidos. Os diagnósticos não eram claros, as
crianças não eram acompanhadas a longo prazo, e qualquer dor nos membros
inferiores (sem causa aparente) era rotulada como dor do crescimento.
Muitas
dores osteoarticulares, que eram rotuladas como dor do crescimento, com a
evolução e repetição das queixas por parte da criança, outros sintomas associados
surgiam, alertando o médico para o real motivo da dor. Assim, o que inicialmente era dor do crescimento, na verdade, era uma
patologia a ser tratada.
São várias
as causas de dores nas pernas em crianças e precisam ser avaliadas com exame
físico adequado, raio-x e, às vezes, exames de laboratório para esclarecer o
motivo.
No passado, achava-se que as dores nas pernas, geralmente
abaixo dos joelhos, que costumavam surgir ao final do dia ou à noite, às vezes,
acordando a criança com episódios agudos de dor e choro, exigindo medidas, como
massagem ou até mesmo analgésicos, eram consideradas dor do crescimento.
Estudos
atuais mostram que as “ditas
dores do crescimento” são mais comuns em crianças que possuem as seguintes características:
- Crianças muito ativas, que gostam mais de correr
do que de andar, gerando fadiga muscular;
- Crianças que tem maior flexibilidade articular,
devido a maior elasticidade ligamentar.
Obs.
Uma das funções ligamentares é estabilizar as articulações para absorver os
impactos durante a marcha e com isso proteger os ossos dos impactos exagerados.
A perda desta característica ligamentar submete os ossos dos membros inferiores
a impactos maiores durante as atividades do dia e, como consequência, surgem as
dores no final do dia ou no final de atividades físicas.
O exame físico articular é suficiente para definir essa característica.
Outra causa
de dor é a câimbra noturna nas
panturrilhas. São agudas, temporárias, acordam a criança à noite e melhoram com
a massagem e manipulação dos pés, pois acabam, involuntariamente, alongando os
músculos da panturrilha.
Como a
criança de baixa idade não sabe informar essa sensação de câimbra, ela é
interpretada pelos pais como dor sem causa conhecida, ou as ditas “dores do
crescimento”.
RESUMINDO:
- Crescer não dói.
- Diagnóstico
de dor do crescimento não existe! (Fiquem atentos!)
- Existem várias causas de dor que devem ser
pesquisadas e afastadas principalmente para os casos intermitentes.
- A expressão “dor do crescimento” é falsa, porque
o que dói não é crescer, ou a criança é muito ativa com hipermobilidade
articular, predispondo a fadiga e dor no final do dia; ou tem câimbra noturna;
ou então tem uma real patologia que simula esses sintomas e precisa ser
descoberta e tratada.
- Não
menosprezem as dores nas pernas, é comum banalizarem esses sintomas,
rotulando-os como dor do crescimento, porém, nem sempre são dores benignas (que
passam com massagem e analgésicos). Procurem auxílio e encontrem a causa, pois
são vários os diagnósticos diferenciais.
Um forte abraço a todos
Maurício Rangel.
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