Hemimelia fibular.
É a principal deficiência congênita de ossos longos do membro inferior das crianças.
Trata-se do defeito congênito de formação óssea (fibula), no membro inferior, que varia desde a hipoplasia, ou seja, diminuição do tamanho da fibula, até a ausência completa do osso.
A hemimelia fibular não é uma patologia isolada.
A causa é desconhecida. Pode acometer uma ou ambas as pernas.
A inteligência da criança é normal e o desenvolvimento motor também.
O quadro clínico é evidente, logo ao nascimento, com grande encurtamento do membro inferior.
Vários segmentos do membro inferior são os responsáveis pelo encurtamento:
- Femur (osso a coxa);
- Tibia (osso da perna);
- Deformidade no pé;
- Deformidade na perna.
As principais alterações encontradas no exame físico ortopédico, além do grande encurtamento da perna, são:
- Encurtamento do femur em 70% dos casos;
- Ausência da raios laterais do pé, ou seja, a criança nasce com 4 dedos no pé;
- Deformidade na tibia (osso da perna);
- Deformidade no pé (equinovalgo), ou seja, o pé fica na ponta e para dentro;
- União anormal dos ossos do pé, conhecido como barra óssea;
- Instabilidade do tornozelo.
O joelho na hemimelia fibular:
Essa articulação também sofre os efeitos da malformação congênita e apresenta:
- Deformidade para dentro, ou seja, geno valgo;
- Instabilidade da patela, ou seja, o osso da frente do joelho pode estar parcialmente fora da posição habitual, chamado de subluxação ou até completamente fora da posição normal, conhecido com luxação congênita da patela.
- Ausência dos ligamentos internos do joelho, chamado de ligamentos cruzados.
Os exames de imagem:
São importantes para a confirmação diagnóstica.
Observem a radiografia da perna acometida, onde só existe um osso, ou seja, não existe a fibula.
Vejam também a radiografia do pé, só existem 4 ossos, porém com 5 dedos. O mais comum é encontrarmos pés com 4 ossos e 4 dedos.
O tratamento ortopédico:
A primeira preocupação a ser tomada na consulta é, o cálculo do encurtamento atual e da diferença de comprimento esperada ao final do crescimento da criança.
Para isso, existe o método multiplicador de Paley.
Trata-se de uma tabela, em que conseguimos com dados simples como idade e encurtamento atual, calcular a diferença esparada no final do crescimento.
Programação para correção cirúrgica do pé e tornozelo, tornado-o plantigrado, ou seja, capaz de ser posicionado com a planta do pé no chão, para a marcha adequada.
Programação para os alongamentos ósseos, permitindo o crescimento da perna curta com a correção das deformidades ósseas da tibia (osso da perna).
Vejam um exemplo de alongamento da tibia para correção do encurtamento. Esse paciente tinha encurtamento devido a hipoplasia da fibula, ou seja, a fibula existia porém, era curta.
Alongamento completado com 5,6cm de osso novo, de ótima qualidade:
O tratamento é prolongado, contínuo, porém permite correção do comprimento da perna e marcha adequada para a criança.
Um abraço a todos,
Dr. Maurício Rangel
Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br
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