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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dor óssea em crianças. Conheça as causas:







Dor óssea e articular em crianças é uma queixa frequente nos consultórios.

Algumas vezes a dor existe em mais de um segmento corporal, chamada de poliartralgia, ampliando assim as possibilidades diagnósticas.

São diversas as causas existentes para a mesma queixa.

Chegar ao diagnóstico definitivo, nem sempre é uma tarefa fácil.

Patologias ortopédicas, reumatológicas e até hematológicas devem ser pensadas para chegarmos a causa da dor.

Em patologias não ortopédicas mas, que se apresentam com dor musculoesquelética no início do quadro, muitas vezes, é o ortopedista pediátrico, o primeiro médico a ser procurado para avaliar a criança.

As características da dor, o exame físico detalhado e um alto grau de suspeita devem ser necessários para fazer o exato diagnóstico.

O objetivo deste artigo é o de chamar a atenção para uma patologia não ortopédica, chamada de leucemia, cujo diagnóstico precoce é muito importante para o tratamento e prognóstico, em que suas manifestações iniciais se dão através de dor osteoarticular em vários segmentos do corpo.




As manifestações ortopédicas das leucemias:


Leucemia é uma patologia maligna da medula óssea.

É o principal tumor que acomete as crianças.

Suas manifestações clínicas podem simular diversas patologias ortopédicas, sendo a dor óssea uma queixa muito comum.

A primeira queixa apresentada pelas crianças com leucemia vem a ser a dor óssea pois, ocorre uma proliferação das células malignas da medula óssea contida nos ossos longos dos membros superiores e inferiores e coluna vertebral, dando origem aos sintomas iniciais.

Inicialmente essa dor é inespecífica, podendo acometer qualquer osso ou articulação e podendo também ocorrer em vários segmentos corporais ao mesmo tempo.

Cerca de 80% das crianças apresentam algum sintoma associado, já na primeira avaliação, sendo que o principal são episódios de febre que podem ser intermitentes ou constantes e de origem obscura.




Pode haver relato de abatimento, perda de peso e apetite e mudanças nas rotinas diárias da criança relacionadas a fadiga.

O exame físico ortopédico muitas vezes é inespecífico, não havendo limitação na mobilidade passiva das articulações ou inchaço mas, podendo haver dor a palpação óssea nos segmentos acometidos.


A suspeita:




Na rotina de investigação, devemos sempre solicitar exames simples de imagem e laboratório com o objetivo de encontrar a causa para as queixas e também para afastarmos algumas patologias dentro das várias possibilidades existentes.


Radiografia simples:


Na leucemia, as radiografias revelam algumas alterações sugestivas sendo a osteopenia (refletindo o enfraquecimento ósseo), um achado muito frequente mas, também inespecífico, podendo ocorrer em outras patologias.


O laboratório:



O exame de sangue (hemograma) com marcador de inflamação também deve fazer parte da avaliação inicial.

O hemograma em 60% dos casos vai revelar aumento dos leucócitos (células de defesa do corpo) e os marcadores de inflamação estarão elevados também. 

Essa combinação de dor óssea acompanhaddo de febre com laboratório revelando elevação da céluas de defesa e marcadores de inflamação elevados, farão a suspeita do principal diagnóstico diferencial que é o de infecção osteoarticular (osteomielite ou artrite séptica), que são muito mais comuns do que a leucemia.

Os casos de suspeita de infecção musculoesquelética que não apresentam bactéria identificada e não melhoram com a terapia cirúrgica e medicamentosa indicada, reforçam a suspeita de leucemia como diagnóstico definitivo.

Outro ponto importante que deve ser ressaltado na suspeita são as crianças que apresentam como queixa principal dor óssea com episódios de febre intermitente e que apresentam no laboratório anemia inexplicada acompanhada de diminuição do número de células de defesa (leucócitos).




Conclusões:


Dor óssea em crianças com episódios de febre intermitente, associado ou não a perda de peso, apetite e abatimento, deve ser investigado com exame físico criterioso, exame de imagem e de laboratório.

Muitas vezes é o ortopedista pediátrico o primeiro médico a examinar a criança.

Exames simples como hemograma completo e marcador de inflamação, com radiografia simples podem, em conjunto com os dados obtidos na história clínica e exame físico fazer o diagnóstico precoce de leucemia.




Uma vez confirmado a suspeita, a criança deve ser avaliada por hematologista ou oncologista para a confirmação do tipo de leucemia e o início do tratamento.


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br

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