"Ossos de vidro"
É uma patologia, de origem genética, em
que há deficiência na síntese do colágeno do Tipo 1, que é a principal
proteína encontrada nos ossos, esclera, dentina e ligamentos.
São várias as formas de apresentação,
sendo os critérios diagnósticos principais:
- Esclera azul (a parte branca
do olho se torna azulada),
- Dentinogênese
imperfeita (dentes quebradiços e de coloração escura),
- Osteoporose com deformidades dos
ossos longos,
- Múltiplas fraturas que ocorrem por
trauma de pequena intensidade.
Consideramos critérios clínicos menores:
- Surdez, frouxidão ligamentar e baixa
estatura.
Não há um exame de laboratório específico
para o diagnóstico.
O diagnóstico é clínico, com história,
exame físico e exame de imagem radiográfico.
Existem várias formas de apresentação que
foram subdivididas em 4 tipos, baseando-se em características
clínicas, radiográficas e genéticas.
A
classificação de Sillence:
Os tipos 1 e 4:
São as formas mais brandas. Podem
ou não ter dentinogênese imperfeita. Geralmente tem múltiplos membros da
família afetados.
O tipo 1, tem esclera azul e 60% terão
comprometimento auditivo.
O tipo 4, tem esclera normal, não tem
comprometimento auditivo e as deformidades nos membros são mais evidentes.
Em ambos, as fraturas geralmente ocorrem
após as idades de marcha.
O tipo 2:
É a forma mais grave.
Apresentam múltiplas fraturas ao
nascimento, inclusive com hemorragia intracraniana, podem ter insuficiência
respiratória devido ao comprometimento da caixa torácica.
Geralmente não sobrevivem.
O tipo 3:
São formas raras.
Geralmente tem fragilidade óssea
severa, com fraturas na vida intra-uterina.
Tem progressiva deformidade dos ossos,
com formato triangular do rosto e dentinogênese imperfeita.
Fraturas podem ocorrer no momento do
nascimento devido a fragilidade óssea. Geralmente em partos atraumáticos e
sem motivo aparente.
Diagnóstico diferencial com tocotraumatismo, ou seja, fraturas decorrente de partos
via vaginal, traumático e difícil, onde, na extração do bebê ocorre a fratura.
Em crianças com fraturas ao nascimento e
que ao exame clínico apresentam esclera azul, deformidades grosseiras nos
membros, devem chamar atenção para o diagnóstico de osteogênese imperfeita.
A coluna
vertebral:
É acometida nas formas graves. Apresentam
deformidades progressivas em cifose e escoliose.
Graves deformidades contribuem para
prejuízo das funções pulmonares.
Como organizamos o tratamento?
A fisioterapia:
Programa fisioterápico é iniciado precocemente para aquisição das
aptidões motoras do desenvolvimento, fortalecimento dos músculos e
prevenção de osteoporose.
Hidroterapia é uma forma segura de exercitar e mover todas as
extremidades. Ajuda no desenvolvimento do equilíbrio de cabeça e tronco.
O papel das órteses (aparelhos de proteção
para os membros inferiores):
As órteses são utilizadas para proteger
os membros inferiores quando a criança estiver no inicio da marcha, além de
prevenir fraturas.
Melhora a qualidade óssea, pois a criança
fica em pé e coloca peso sobre os membros inferiores protegidos.
Devem ser leves, com dobradiças
permitindo o movimento articular.
O tipo de órtese depende do envolvimento da doença.
O tipo de órtese depende do envolvimento da doença.
Existindo deformidades severas nos
membros inferiores, impedindo o uso de órteses e com freqüentes fraturas, então
o tratamento cirúrgico é recomendado, antes do uso das órteses.
O tratamento medicamentoso:
Tem como objetivo a diminuição do número de fraturas, dor e melhora na
qualidade óssea e de vida das crianças.
O medicamento mais utilizado atualmente e com bons resultados é o
Pamidronato .
As fraturas
agudas:
O tratamento inicial geralmente é
conservador, ou seja, as fraturas são manipuladas sob anestesia, quando tem
desvio, e são imobilizadas até a consolidação.
O tempo de imobilização não deve ser
longo.
Quando operar?
O tratamento cirúrgico fica recomendado
para aquelas fraturas de repetição em ossos já deformados.
A cirurgia visa alinhar os ossos
deformados e fixar internamente com hastes metálicas que permitem a proteção
interna do osso contra novas fraturas. Melhora a qualidade de vida da criança e
os cuidados no dia a dia.
As hastes utilizadas atualmente são telescópicas,
ou seja, crescem junto com o osso da criança, evitando com isso as freqüentes
revisões cirúrgicas do passado, pois, com o crescimento ósseo as hastes ficavam
pequenas.
Osteogênese imperfeita é uma patologia rara, porém com graves
conseqüências na vida das crianças.
Com o avanço nas técnicas cirúrgicas e do
instrumental utilizado, conseguimos bons resultados com o tratamento,
diminuindo o número de fraturas, corrigindo as deformidades e melhorando em
muito a qualidade de vida dos pacientes.
Um abraço a todos ,
Dr. Maurício Rangel
Muito interessante falar a respeito, já conhecia como tambem já assisti vários docomentários a respeito e saber só ajuda e disperta as pessoas que existem patologias diferentes e que de uma certa forma nos ajuda em saber que existem pessoas especializadas em cuidar , e isso tudo é muito bom. Ter qualidade de como se vever melhor é muito bom!!!!
ResponderExcluirObrigado Giovana , fico feliz em estar ajudando as pessoas com conhecimento sobre as patologias! Continue acompanhando o blog, muitos assuntos interessantes estão sendo preparados! Bjs, bom final de semana.
ResponderExcluirBom dia Doutor!
Excluiré muito interessante essas informações, só procurei em saber a respeito desse tipo de doença pq neste momento tenho uma grande amiga com sua filhinha passando por essa doença. Tudo indica que ela tem o tipo II da doença, pois diagnosticado fraturas na gestação e hj ela está com 7 dias de vida e está na UTI de um hospital em Porto Alegre, no raio X mostrou todo o corpo fraturado, mas ela mexe com as perninhas e hj mexeu com os bracinhos, abre os olhos e desde ontem atravez de uma sonda ela começou a tomar o leite da mãe, os médico não dão nenhuma esperança,deram 30 dias no máximo para ela viver, mas a fé de todos que estão torcendo é muito grande. Doutor o sr. já teve conhecimentos de crianças que sobreviveram ao tipo II dessa doença? Obrigado por proporcionar atravez deste blog todas essas informações!
Boa noite, na literatura medica há relatos esporádicos de sobrevida , nas formas mais graves da doença. Não tenho experiência própria com essa situação. Fica aqui minha torcida para que tudo fique bem. Um abraço e continue acompanhando o blog.
ResponderExcluirBom dia Doutor!
ResponderExcluirObrigado por responder. Li bastante essa semana sobre essa doença e realmente são poucos os casos que sobrevivem do tipo II, mas a gente não pode perder a esperança.
Oi Doutor Bom dia estive aqui olhando esse assunto e gostaria que o senhor me ajudasse. Minha filha nasceu com 33 semanas e alguns dias, ela machucou o pé esquerdo quando tinha 1 ano e 9 meses assim que começou a ficar em pé; caiu em cima do mesmo, não teve fratura mas machucou ficou inchado e teve que enjessar. Depois com uns 2 anos e pouco machucou o pé direito e enfachou. Mais uns meses depois machucou o pé esquerdo de novo correndo não teve fratura ficou mancando e levei ela ao hostital e enfachou e muitos dias depois de tirar a facha ela ficou mancando, agora com 2 anos e 11 meses escorregou numa água e quebrou a canela. Detalhe ela tem a esclera azulada o que deve fazer por favor me ajude. Hoje ela tem 3 anos e com 37 dias imobilizada a perna tem que ficar 45 dias. Por favor me diz o que tenho que fazer e que especialista tenho que procurar. Muito Obrigada!!! Ana Paula.
ResponderExcluirBom dia, no momento, de ortopedista pediátrico para tratar a fratura. Crianças com suspeita de osteogênese imperfeita precisam também, de avaliação com geneticista. Atenciosamente.
ExcluirMuito obrigada pela atenção.
ExcluirBoa tarde Dr Mauricio, vi sua postagem no blog com data de 2012, eu sou portadora de OI do tipo 1, e a um ano mais ou menos foi diagnosticado artrite reumatoide, a 2 semanas mais ou menos sinto dor na lateral do fêmur de ambos os lados, minha reumatologista esta achando que é bursite trocantérica, mas estou em duvida se o que estou sentindo é mesmo o que a reumato diz ou se é algo relacionado com a OI. Por favor, me ajude!
ResponderExcluirBia tarde, como posso te ajudar pela internet? Para poder emitir uma opinião profissional sobre o seu caso, você precisaria ser examinada no consultório com exame físico ortopédico especifico para a queixa em questão, além de ser submetida a avaliação com exames de imagem. Para marcar consulta, o tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239. Atenciosamente.
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