As dificuldades apresentadas causam atraso na aquisição de habilidades motoras e distúrbios na marcha, naquelas crianças com este potencial.
Os problemas motores pode ser de origem primária, ou seja, diretamente relacionados a lesão no sistema nervoso central ou secundárias, ou seja, aqueles problemas articulares que se desenvolvem lentamente com o crescimento da criança.
Os problemas primários:
Na paralisia cerebral espástica as crianças apresentam:
- Aumento do tonus muscular, também chamado de espasticidade, ou seja, uma situação em que os músculos ficam contraídos constantemente e involuntariamente devido a lesão no sistema nervoso central, prejudicando o posicionamento adequado das articulaçoes para a realização dos movimentos diários como os para a locomoção;
- Prejuízo no equilíbrio;
- Prejuízo na força muscular;
- Comprometimento da coordenação motora para a execução dos movimentos.
Os problemas secundários:
São aqueles que ocorrem lentamente, nas articulações, em função do crescimento da criança e da ação da espasticidade no sistema musculo-esquelético, a saber:
- Contraturas articulares fixas devido ao encurtamento irredutível dos grupos musculares espásticos;
- Deformidades ósseas, gerando alterações rotacionais femorais (osso da coxa), tibiais( osso da perna) e deformidades nos pés.
Todas as crianças apresentarão estes problemas em maior ou menor grau pois, a história natural osteoarticular é de lenta progressão de deformidades.
O objetivo do tratamento ortopédico das crianças com paralisia cerebral é o de minimizar todas essas influências negativas no sistema músculo-esquelético, permitindo à criança ganhar aptidões , desempenho motor e independência.
Tendo isso em mente, o tratamento da criança deve ser inciado precocemente e de forma conservadora, ou seja, não operatória.
O tratamento conservador é feito com fisioterapia motora, terapia ocupacional, utilização de órteses para manutenção do posicionamento articular adequado e prevenção de deformidades, terapia regular com Botox e medicamentosa para controle sistêmico da espasticidade.
A fisioterapia:
Tem ênfase na realização de exercícios de alongamanto muscular, fortalecimento, propriocepção e melhora no equilíbrio corporal.
As órteses:
Devem ser usadas diurno e noturno com intuito de prevenir o surgimento de contraturas, posicionar adequadamente o membro para a função e permitir o treino de marcha e propriocepção.
A terapia com botox:
Trata-se de um medicamento injetável, com acão direta sobre aquele músculo em que foi aplicado, promovendo a diminuição do tonus muscular excessivo, ou seja, promove o relaxamento muscular, permitindo o posicionamento adequado das articulações para que a criança possa continuar sua evolução no sentido de ganhar aptidões motoras.
Sua utilização facilita o trabalho fisioterápico pois, menos resistência será necessário para promover os alongamentos musculares;
Permite correção de deformidades como a marcha na ponta dois pés, joelhos fletidos e a dificuldade na abertura dos quadris e também, facilita a utilização do membro superior para a preensão;
Facilita a aceitação das órteses por parte da criança pois, com o relaxamento muscular, o membro consegue ser melhor posicionado dentro do aparelho;
Adia as indicações de cirurgia pois, com a terapia regular, os músculos ficam mais relaxados e as deformidades fixas surgem mais tardiamente.
Como é feito a aplicação:
A aplicação é sempre feita em ambiente hospitalar, no centro cirúrgico, com a criança sob anestesia geral inalatória, no sitema de day-clinic, ou seja, tem alta no mesmo dia da aplicação.
O por que da anestesia?
A aplicação é feita em vários grupos musculares, no mesmo ato e portanto, a criança recebe varias injeções, uma em cada músculo a ser tratado.
A anestesia tem duas funcões principais:
- Garante a realização das várias injeçoes sem dor ou trauma psíquico para a criança.
- Permite conforto ao ortopedista pediátrico que consegue posicionar as agulhas no exato ponto de aplicação permitndo o resultado terapêutico ideal.
- Permite a utilização do eletroestimulador, ou seja, um aparelho que permite através de pequenos estímulos elétricos, a contração muscular, garantindo assim o exato posicionamento da agulha para a realização da aplicação.
Os principais músculos aplicados e o efeito esperado da terapia com Botox:
- Músculos da panturrilha:
A principal indicação é para correção da marcha na ponta dos pés ou marcha em equino, com o botox, conseguimos relaxamento muscular adequado permitindo os calcanhares tocarem o chão na fase de apoio da marcha, melhorando o equilíbrio e o desempenho motor.
- Músculos posteriores da coxa:
A principal indicação é a de promover a correção da deformidade em flexão dos joelhos, ou seja, corrigir a dificuldade da criaçna em esticar o joelhos para o posicionamento em pé.
Com o botox, conseguimos relaxar esses músculos e, assim, a criança fica em pé melhor, podendo inclusive intensificar a troca de passos.
- Músculos da virilha:
A principal indicação é correção da dificuldade da criança em abrir os quadris e correção da postura em "tesoura" das pernas, quando a criança tenta dar o passo (cruzando uma perna sobre a outra)
O remédio relaxa a musculatura adutora, protege os quadris e melhora o desempenho motor e a troca de passos.
No membro superior:
- Músculo Bíceps braquial:
Principal indicação é o de corrigir a postura em flexo do cotovelo.
O remédio permite o realaxamento muscular e a melhor extensão do cotovelo para a independência do membro superior.
- Musculos flexores dos dedos da mão:
A principal indicação é a correção da deformidade em garra dos dedos da mão e polegar. O remédio permite a abertura dos dedos da mão melhorando as funções de preensão da criança.
- Músculo pronador do antebraço:
A principal indicação é a correção de uma deformidade do antebraço que dificulta o posicionamento da palma da mão para cima pois, a contratura dificulta o movimento de rotação do antebraço.
A correção da contratura em pronação permite a criança levar a mão a boca com mais facilidade, podendo inclusive, treinar com a fisioterapia a independência para alimentação.
Quando devemos iniciar a terapia?
Depende do grau de espasticidade da musculatura e dos prejuízos provocados mas, a partir de 18 meses as crianças já estão aptas para o início da terapia com botox.
O tratamento é feito de forma continua, a intervalos semestrais.
Não adianta fazer uma aplicação isoladamente.
A criança precisa de acompanhamento ortopédico regular para que, a cada 6 meses, repita a aplicação, podendo ou não ser nos mesmos músculos aplicados inicialmente.
Quando interromper o tratamento?
O botox deve ser utilizado sempre que as deformidades forem flexíveis.
Quando a criança apresentar deformidades fixas e irredutíveis devido ao encurtamento muscular inveterado ou quando, já existirem deformidades ósseas estabelecidas, a terapia com botox deve ser interrompida e as indicações de cirurgia e correção definitiva das deformidades deve ser realizada.
Na paralisia cerebral espástica conseguimos, com a terapia regular com botox, adiar as indicações de cirurgia para as idades ideias, além de impedir o surgimento de deformidades graves e de difícil resolução mesmo com cirurgia.
Um abraço a todos,
Dr. Mauricio Rangel
Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br
Otima matéria sempre tão explicativas,parabens Dr Mauricio Rangel
ResponderExcluirBeijos
ola dr meu filho tem 11anos tem pc.
ResponderExcluirele tem subluxacao nos quadris nos dois lados e com a dor que e muito forte ele encolheu as pernas. e fica dificil pra colocar fralda etc. o medico dele vai aplicar botox. a dor que ele sente vai passar com esse procedimento?ou vai precisar operar mesmo.
Bom dia, Botox é contra indicado nos casos de subluxação dos quadris. O tratamento é obrigatoriamente cirúrgico.Maiores esclarecimentos somente em consulta ortopédica, tel. para agendar horário é (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239. Atenciosamente.
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