O desenvolvimento motor normal das crianças apresenta fases bem distintas.
O início da marcha independente é considerado normal até a idade de 18 meses.
Chamamos de marcha, o conjunto de movimentos realizados pelos membros inferiores, que permitem a locomoção da criança.
O ciclo da marcha é dividido em duas fases, conhecidas como, fase de apoio e fase de balanço.
Entendendo a marcha da criança:
A fase de apoio:
É aquela em que o pé encontra-se em contato com o solo.
Representa 60% do ciclo da marcha.
O primeiro contato do pé com o solo é feito com o apoio do calcanhar, seguido pelo aplainamento, ou seja, a planta toda do pé apoiada no solo e, por último, o apoio na frente do pé e ponta dos dedos (impulso).
Quando a planta do pé encontra-se em total contato com o solo, temos o completo apoio do peso corporal em uma perna só, visto que, neste momento, a perna contra-lateral encontra-se fora do contato com o solo, para a realização do passo.
A fase de balanço:
É aquela em que o pé encontra-se fora do contato com o chão.
Representa 40% do ciclo da marcha.
Esta fase começa com a aceleração, ou seja, o momento em que o tornozelo faz o movimento de dorsiflexão (levanta a frente do pé) e o joelho faz flexão (dobra o joelho), permitindo com que o pé saia do contato com o chão, para que o membro inferior desloque-se para a frente.
Segue-se a isso, a fase de balanço intermediário, ou seja, o momento em que o membro inferior esta deslocando-se para frente.
Entramos então, na última fase, que é a desaceleração, ou seja, o membro inferior, já deslocado para frente, prepara-se para tocar o solo novamente, completando assim o passo.
É importante entender que, enquanto uma perna esta em contato com o solo, ou seja, na fase de apoio da marcha a outra, encontra-se na fase de balanço, ou seja, fora do contato com o chão.
As características da marcha da criança:
No início da marcha das crianças, a base de apoio é alargada, ou seja, para ficarem em pé, os pés ficam muito afastados um do outro.
Isso tem uma explicação que seria permitir o aumento do equilíbrio.
Observamos também que os quadris e joelhos não esticam completamente, ou seja, permanecem em ligeira flexão, também para permitir melhor equilíbrio.
Os braços permanecem mais afastados do corpo, quando a criança caminha.
Por que as crianças correm ao invés de andarem lentamente, já que estão aprendendo a caminhar?
No início da marcha, as crianças sentem-se mais seguras quando estão com os dois pés apoiados no chão.
Isso permite a elas, com as carcterísticas citadas acima, ficarem bem equilibradas.
Para caminhar, como vimos anteriormente, é preciso que um pé fique apoiado no chão (fase de apoio) enquanto que o outro fica fora do apoio com o solo (fase de balanço).
Portanto, para realizar o passo, obrigatoriamente precisam ficar apoiados sobre um pé só, já que o outro está em movimento de deslocamento patra frente, sem tocar no chão.
No momento em que, ficam apoiadas sobre um pé só, ficam com a sensação de desequilibrio e para voltarem a ter equilíbrio precisam logo, apoiar os dois pés no chão.
Para que os dois pés voltem ao contato com o chão rapidamente usam, involuntariamente, o recurso de correr.
Por isso, alguns pais dizem que os filhos não sabem andar direito mas já sabem correr.
Entre as idades de 1 a 3 anos, a marcha é acelerada, ou seja, tem maior número de passos por minuto (cadência).
A cadência da marcha diminue com o avançar da idade e maturação do sistema nervoso central em permitir maior coordenação para os movimentos.
A marcha normal e a marcha patológica:
O alinhamento e posicionamento das articulações dos membros inferiores, promovem padrões de marcha diferentes.
O desenvolvimento do sistema nervoso central em permitir coordenação motora por parte da criança, também vai repercutir no tipo de marcha.
Problemas como:
Joelhos afastados ou pernas arqueadas (geno varo), Joelhos juntos (geno valgo), pés planos, pés tortos sempre na ponta dos dedos, pés com a frente virada para dentro ou para fora, desigualdade no comprimento das pernas promovem alterações na locomoção e, precisam ser analisadas em consulta ortopédica para discernir a marcha normal da patológica.
Patologias que limitam o movimento das articulações, principalmente as de origem neuromuscular (paralisia cerebral, mielomeningocele), podendo ou não causar dor no membro inferior, também são responsáveis por alterações na marcha da criança.
Patologias que levam a fraqueza muscular, sempre cursam com distúrbio da marcha, muitas vezes, acompanhado que relatos de quedas frequentes e dificuldade para passar da posição sentada para em pé.
A análise laboratorial da marcha:
O olho humano, não é capaz de observar todos os detalhes da marcha, principalmente nas crianças com patologias neuromusculares.
Hoje, contamos com um recurso diagnóstico das alterações na marcha da criança, conhecido como laboratório da marcha.
Trata-se de um exame no qual a marcha da criança é filmada, com imagens tomadas de frente e de lado (duas dimensões), em que podemos analisar detalhadamente todos os movimentos realizados por cada articulação, ou seja, quadril, joelho e pés, em cada fase do ciclo da marcha.
Analisamos também os componentes responsáveis pelo mal posicionamento do membro inferior e, com isso, podemos realizar as correções cirúrgicas com maior precisão, atuando exatamente nos locais com deformidade.
Conclusões:
Qualquer alteração na marcha das criança é fonte de preocupação constante dos pais.
O conhecimento do padrão de marcha normal permite-nos diagnosticar e tratar precocemente, qualquer patologia que esteja prejudicando ou dificultando a marcha da criança.
A análise ortopédica é muito importante para diferenciar a marcha patológica da marcha normal.
Um abraço a todos,
Dr. Mauricio Rangel
Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br
adorei a materia,bem explicada,parabens dr MAURICIO RANGEL.bjs
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