Criança e Saúde

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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Os problemas da marcha na paralisia cerebral



A marcha é um conjunto de eventos que ocorrem nos membros inferiores da criança e que permitem a sua locomoção.

Para que a locomoção ocorra de forma eficaz, é preciso que a musculatura funcione adequadamente, as articulações estejam com sua amplitude de movimento livre e sem restrições e que os alinhamentos ósseos estejam corretos.

Qualquer encurtamento muscular, com ou sem limitação na mobilidade articular ou, até mesmo mal alinhamento angular ou rotacional nos ossos dos membros inferiores da criança, poderão produzir uma marcha ineficaz.

Na paralisia cerebral, existe uma classificação motora funcional, conhecida com a sigla GMFCS, onde existem 3 grupos de envolvimento motor que permitem a marcha, seja ela independente ou com auxilio de andadores ou muletas.



As dificuldades na locomoção na criança com paralisia cerebral são inúmeras pois, estamos falando de uma patologia que afeta a coordenação motora, o equilíbrio,  leva a hipertonia muscular (espasticidade) e, muitas vezes, está acompanhado de distonia, ou seja, movimentos involuntários.

Sabemos que as limitações nos movimentos dos quadris (principalmente a dificuldade na extensão completa), acompanhado ou não de limitação na abertura das pernas, limitação na extensão dos joelhos e deformidade nos pés (principalmente os pés equinos), são problemas que dificuldam as distâncias percorridas pelas crianças com paralisia cerebral.

As alterações rotacionais dos ossos dos membros inferiores são responsáveis por anormalidades como marcha com os pés virados para dentro, sendo que na maioria das vezes, isso ocorre por deformidade rotacional interna excessiva femoral (osso da coxa).

A deformidade rotacional externa excessiva da tíbia, osso da perna (segmento do membro inferior localizado abaixo do joelho), também pode ser o responsável por anormalidades na marcha da criança principalmente quando estamos diante de uma criança cujos pés estão apontados para fora quando caminham.



Frequentemente, encontramos várias anormalidades no mesmo membro inferior da criança que contribuem em diversos graus, com os problemas na locomoção

Os padrões de marcha anômalos frequentemente encontrados são:

- Marcha na ponta dos pés ou marcha em equino, onde as crianças, ao caminharem, apoiam apenas a ponta dos pés no solo.

- Marcha com os joelhos fletidos, ou seja, aquela em que a criança não consegue a extensão completa dos joelhos para manter-se em postura ereta. Esse tipo de marcha é também conhecido como marcha da "criança desabada".

- Marcha em tesoura, ou seja, aquela em que, ao tentar dar o passo, uma perna cruza sobre a outra.

- Marcha com os joelhos rígidos, ou seja, aquela em que a criança não consegue fletir os joelhos para dar o passo.

Com o exame físico ortopédico especifico para a criança espástica, podemos identificar e diagnosticar os problemas na locomoção e com isso, fazer a melhor indicação para cada caso.



Podemos ainda, utilizar o exame de laboratório da marcha em 3D ou 2D, onde a marcha é filmada de frente e de lado, como mais um objeto de analise para as conclusões necessárias.

O tratamento ortopédico visa promover a correção de todos os componentes anômalos nos membros inferiores da criança, melhorando assim, seu desempenho motor e dando mais autonomia para a locomoção em casa, na escola e na comunidade.

Tanto as contraturas musculares, bem como e as deformidades esqueléticas (ósseas), precisam ser corrigidas e, para isso, contamos com as cirurgias em múltiplos níveis.

São cirurgias que envolvem alongamentos tendinosos múltiplos com ou sem transferências tendinosas e as correções ósseas sedo realizadas no mesmo momento, com as osteotomias.

As vantagens das correções múltiplas são que, permitem a correção do membro inferior como um todo, no mesmo ato cirúrgico, permitem uma só reabilitação pós-operatória e evitam reinternações frequentes para as correções sucessivas.

O pós-operatório necessita de equipe de fisioterapeutas pediáricos para a reabilitação articular e treino da marcha de forma intensiva.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. para agendar consulta: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Criança com a perna torta preocupa?



O formato das pernas da criança, no início da marcha, é sempre observado pelos pais e cuidadores.

Frequentemente, nesta fase da vida, a angulação normal das pernas da criança apresenta um arqueamento.

Chamamos de geno varo, a angulação das pernas em que há um afastamento dos joelhos, quando a criança esta de pé.

Isto é fisiológico e normal, no inicio da marcha.

Até que ponto isto é um problema?

Será que essa perna torta vai piorar?

Será que a criança precisa de algum aparelho corretivo?

Para responder essas perguntas, a primeira coisa a fazer seria uma boa avaliação ortopédica com exame físico.



Sabemos que o arqueamento fisiológico, frequentemente está acompanhado de deformidade rotacional interna da perna (tíbia) e, com isso, a criança caminha com os joelhos afastados e com a frente dos pés para dentro.

A deformidade é mais acentuada em crianças com sobrepeso e obesidade.

Geralmente é simétrica, ou seja, uma perna é igual a outra mas, podemos encontrar assimetrias também.

Grandes assimetrias, são sinais de alerta quanto a evolução desfavorável.

Um ponto importante, que precisa ser avaliado pelo médico, vem a ser a estabilidade ligamentar dos joelhos pois, a frouxidão ligamentar exagerada com a manobra que provoca a deformidade em varo (arqueamento), pode ser um sinal de alerta para progressão da deformidade.

A grande maioria das deformidades em varo das pernas da criança tem evolução benigna, ou seja, tendem a correção espontânea com o crescimento, dentro dos prazos estabelecidos na literatura médica.

Na grande maioria dos casos, a recomendação é para uma vigilância ortopédica, com consultas a intervalos pré-determinados e regulares, para monitorar a evolução da angulação.

Não há nenhuma recomendação para aparelhos corretivos para os casos de geno varo fisiológico.

A história familiar positiva, também exerce influência na velocidade de correção.

Quando a família deve se preocupar?




Nos casos em que há piora progressiva da angulação em varo, nos que apresentam acentuada assimetria com frouxidão ligamentar exagerada nos joelhos e, nos casos que não corrigem dentro dos prazos fisiológicos.

Essas deformidade exigem avaliação física e com imagens pois, a região de crescimento da tibia precisa ser analisada quanto a possibilidade do geno varo patológico.

A principal causa de geno varo patológico, em crianças, é conhecida como doença de Blount e trata-se de uma patologia da região de crescimento da tíbia, de causa desconhecida e cujo tratamento corretivo exige cirurgia ortopédica.

Mensagem para os pais e cuidadores:

- Geno varo em crianças precisa ser avaliado pelo ortopedista pediátrico.

- Na maioria das vezes trata-se de deformidade fisiológica e temporária, com ótimo prognóstico para a correção espontânea, mesmo sem tratamento.

- Acompanhamento regular é necessario para identificar precocemente aqueles casos patológicos

- A principal causa de geno varo patológico é conhecido como doença de Blount e exige diagnóstico preciso, precoce e tratamento cirúrgico corretivo.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel

Para marcar consulta, tel.do consultório é  (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Criança tem artrite?




A inflamação articular é conhecido com a denominação de artrite.


As artrites podem ser de instalação aguda e súbita e, como exemplo, nós temos as artrites infecciosas conhecidas como artrites sépticas ou aquelas não infecciosas, sendo o principal exemplo a sinovite transitória.

Encontramos também aquela artrites de instalação lenta, progressiva e persistente, com tempo de duração excedendo 6 semanas, tornando-se quadros crônicos sendo que, nestes casos, temos sempre que ter em mente a possibilidade de doença reumatológica pediátrica.

A artrite idiopática juvenil (conhecida como a sigla AIJ) é a principal patologia reumatológica pediátrica.

O que é a AIJ?

Trata-se de uma patologia de causa desconhecida que caracteriza-se por inflamação não infecciosa acometendo uma ou várias articulações.

Pode acometer uma articulação (chamada de forma monoarticular), a forma pauciarticular é aquela em que até 4 articulações são acometidas e a polarticular, quando acomete mais de 4 articulações.


A patologia afeta a membrana sinovial da articulação, levando a aumento do liquido sinovial, devido a inflamação e, mais tardiamente, leva a proliferação e hipertrofia do tecido sinovial.

Geralmente as meninas são mais acometidas com idades de pico de incidência entre 1 a 4 anos com outro pico entre 9 a 14 anos.

Com relação as articulações mais acometidas nós temos os joelhos, tornozelos e cotovelos, sendo que os quadris podem ser acometidos nas formas pauciarticulares ou poliarticulares.

Nas formas monoarticulares da doença, o cenário encontrado é de uma criança de baixa idade, com estado geral normal, ativa, sem febre e apenas com queixas locais intermitentes de dor e limitação da mobilidade da articulação acometida. Se a articulação for do membro infeiror, claudicação (mancar) ou, até mesmo, não querer caminhar pode ser uma queixa apresentada.


A definição quando ao diagnóstico exige investigação com exame físico, de imagem e laboratorial pois, diversos diagnósticos diferencias precisam ser afastados, principalmente as artrites infecciosas agudas, artrite tuberculosa, osteomilelite subagudas, lesões tumorais periarticulares.

Uma vez confirmado o diagnóstico de AIJ e afastado todas as causas ortopédicas de dor articular, a criança precisa ser tratada pelo reumatologista pediátrico.


O tratamento inicial é medicamentoso, visando a remissão da patologia porém, aqueles casos em que a inflamação articular não consegue ser controlada com medicamentos sistêmicos, exigem medicamentos intra-articulares.

Fisioterapia motora é importamte para ganho de mobilidade e evitar surgimento de deformidades.

O tratamento ortopédico cirúrgico destina-se para casos que evoluiram para deformidades com prejuizo motor e da marcha ou, para casos com importante limitação dolorosa articular com diminuição importante  do espaço articular e alteraçoes degenerativas.

Obrigado pela atenção,

Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel

Tel. do consultório para agendar consultas: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.