Criança e Saúde

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Esporte Seguro



  A prática esportiva é extremamente importante para todos nós, independente da idade. Mas devemos tomar cuidado, pois se não houver avaliação física adequada, corremos riscos.



BENEFÍCIOS DA PRÁTICA ESPORTIVA:

- Desenvolvimento de habilidades motoras

- Melhora na coordenação

- Equilíbrio

- Desenvolvimento do aparelho cardiovascular

- Socialização

- Disciplina

- Liderança

- Autoestima


  A iniciação esportiva em crianças geralmente se faz na escola e de forma lúdica. O papel dos professores de educação física é fundamental na apresentação dos esportes contidos no currículo escolar, suas regras e fundamentos básicos. Desempenham papel ímpar também na intensidade dos treinamentos, respeitando os limites de cada um, permitindo acima de tudo que a atividade física seja prazerosa, divertida e segura para o praticante. O trabalho do profissional de educação física junto ao médico do esporte é essencial.




 A performance não é importante

  Percebo que alguns pais projetam em seus filhos a expectativa de serem atletas de elite, bem sucedidos e famosos na modalidade esportiva, mas esquecem de procurar saber se esse é o desejo da criança. Ou pior, escolhem o esporte que deverá ser praticado, sem saber se é o que agrada a criança e se ela tem vocação.

  Assim os pais acabam cobrando excessivamente a performance, prejudicando o desempenho do jovem. A sobrecarga de treinamento também acaba levando a prejuízo emocional e desmotivação do menor com o esporte.

  É importante que as famílias saibam que a definição do esporte a ser seguido se faz de forma natural. Depende das habilidades motoras da criança e da motivação que tem em praticar determinado esporte. A escolha não deve ser imposta pela família.




AVALIAÇÃO FÍSICA

  Do ponto de vista médico é importante que crianças e adolescentes passem por avaliação médica pré-participação esportiva. Não só para aqueles que vão fazer esporte de forma competitiva e regular, como para aqueles que praticam de forma recreativa.  

Por quê? 

  O objetivo é identificar problemas de saúde que podem colocar o jovem em risco durante o exercício, definir aqueles que podem fazer esporte competitivo sem restrição e, principalmente, identificar patologias do coração que levem a risco de morte súbita, onde miocardiopatia hipertrofica é a principal causa, sendo silenciosa na maioria dos jovens.

  A avaliação é feita sempre na presença dos responsáveis e deve incluir história clínica detalhada dos antecedentes familiares como, por exemplo, presença de patologias cardíacas em parentes de primeiro grau; saber se criança já teve desmaios ou tonteira durante esforço físico; falta de ar desproporcional ao esforço físico realizado ou dor torácica; presença de sopros na ausculta do coração.

  O exame físico deve incluir ausculta do coração, aferição da pressão arterial e frequência cardíaca.

Exames Complementares

  Há divergência de opiniões entre a Sociedade Americana e a Europeia de cardiologia, porém eletrocardiograma de repouso é o padrão a ser realizado.

  90% dos casos de patologias cardíacas de risco haverá alterações no exame.

  Outros exames só devem ser feitos se história clinica ou exame físico apresentarem alterações que justifiquem.


  Com esses dados podemos autorizar a pratica esportiva com segurança, ou encaminhar casos com patologia para tratamento adequado.



Exame Ortopédico
  Do ponto de vista locomotor, o exame físico tem como objetivo identificar alterações que podem predispor a lesões durante o exercício e orientar o profissional de educação física no seu trabalho no sentido de prevenção de lesões do esporte. Devem ser observados:
- Alinhamento e comprimento dos membros inferiores
- Mobilidade das articulações
- Flexibilidade muscular
- Estabilidade de joelhos e tornozelos
- Formato dos pés
- Padrão de marcha
- Avaliação da coluna vertebral e identificação de escolioses ou desnível na pelve.
- História clínica de lesões previas e seus tratamentos realizados


 Com que frequência deve ser feita a avaliação física? 

  A recomendação é que seja feita a cada 2 anos. Infelizmente vemos que nem todos os lugares onde há prática esportiva exigem a avaliação médica antes da iniciação de esportes. Vemos também alguns profissionais que fornecem atestados sem terem o trabalho de examinarem e avaliarem adequadamente o jovem.

Obs.Não podemos generalizar. Existem ótimos profissionais, que fazem um trabalho digno e de responsabilidade. Temos que valorizar e enaltece-los.

  É importante a sociedade ter isso em mente e sempre questionar se o estabelecimento onde o esporte esta sendo praticado se preocupa com a saúde e a segurança do praticante.

  Devo lembrar que qualquer esporte tem risco, porém será mínimo se respeitarmos as orientações quanto avaliação médica pré-participação, condicionamento e treinamento físico adequado, uso dos equipamentos de segurança da modalidade, boa alimentação e respeito aos limites do corpo com descanso necessário para recuperação do treino.

  Esporte deve ser usado como um instrumento de promoção da saúde.

Um grande abraço a todos, 
Dr. Maurício Rangel.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

MAUS TRATOS - ISSO TEM QUE ACABAR!


  Infelizmente, todos os dias vemos notícias de crianças vítimas de maus tratos, seja físico, psicológico, sexual ou negligência (abandono).



  Vou me concentrar na violência física, cujos sinais podem ser notados por qualquer pessoa que lida com a criança, e que na maioria das vezes ocorre no próprio domicílio, provocado por aqueles que mais deveriam protegê-la.

  Cuidadores de creche, professores, pediatras, dentistas, e quaisquer outros profissionais que trabalhem com crianças, devem ficar atentos. Muitas vezes os sinais estão evidentes e a simples suspeita e denúncia pode salvar a vida daquela criança.

  A incidência desse tipo de violência é desconhecida, porque muitos casos não são denunciados. É importante ressaltar que ocorre em qualquer classe social. Não há discriminação!

  As mais acometidas são as mais jovens e indefesas, uma verdadeira covardia! 

VOCÊ SABIA?

  Estudos revelam que 78% têm menos de 3anos de idade, e 50% menos de 1ano.

  O diagnóstico nem sempre é fácil, depende de alto grau de suspeita.

  50% das fraturas em menores de 1ano e 1/3 das fraturas em menores de 3anos são provocadas por agressão física. Este é um dado importante na suspeita.



IMPORTANTE!



  A pele é o local do corpo onde fica mais evidente a violência e, não raro, nos deparamos com marcas de queimadura, equimoses, hematomas, escoriações em vários locais.

  Examinar a criança toda é extremamente importante. Muitas vezes, as áreas corporais agredidas não estão cobertas, como por exemplo, na face, principalmente ao redor dos olhos, onde equimose (roxo) e hemorragia conjuntival (na área branca do olho) chamam atenção.

  A boca também é outro local susceptível a agressão física. Edema nos lábios pode ser sinal de agressão.

  Esclarecer esses sinais com os responsáveis pela criança é de suma importância, e a repetição desses episódios é suficiente para denúncia.

OUTROS DADOS IMPORTANTES PARA SUSPEITA

  Geralmente a criança vitima de agressão chega ao médico tardiamente. Aqueles que a levam contam histórias contraditórias e não compatíveis com as lesões encontradas. Lesões na pele e esqueleto estão, na maioria das vezes, em estágios diferentes de cicatrização.

  O comportamento da criança perto dos agressores também é um ponto importante, pois ela fica apreensiva e introvertida. E quando estão longe ficam mais espontâneas e alegres.

  Relatos de vizinhos sobre comportamento choroso de crianças que ficam com cuidadores, na ausência dos pais, pode chamar atenção para algo errado. Infelizmente há casos em que o agente agressor é o próprio cuidador.

  Devemos ficar atentos. Isso pode estar acontecendo com qualquer um de nós. Os riscos de não identificação e denúncia são altos. Estatísticas mostram que quando a criança volta ao ambiente hostil, nova agressão ocorre em 50% dos casos, e essa será fatal em 5 a 10%.


Vamos ficar atentos na proteção das crianças!

Os conselhos tutelares são órgãos destinados a fazer a sociedade cumprir com os direitos da criança e do adolescente - Estatuto da criança e adolescente.

  Cabe a sociedade como um todo denunciar aos conselhos tutelares os casos suspeitos. São eles que apuram, tomam medidas de proteção e os casos confirmados são encaminhados ao poder público para tomar as medidas cabíveis de proteção ao menor.

  A denúncia pode ser feita por escrito, por telefone, pessoalmente, e pode ser anônima. Basta informar o tipo de violência e o endereço da vítima.

  Os conselhos tutelares são fundamentais na proteção, a sociedade conta com esse aliado. Vivemos numa sociedade violenta e esse é o cenário atual. Vamos diminuir as estatísticas de agressão à criança!

  Não sejam omissos!  Não fiquem com medo. Denunciem casos suspeitos. Esta simples ação pode salvar uma vida.

Obrigado pela atenção!
Um abraço a todos,
Maurício Rangel

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dor do crescimento existe?





Olá queridos pais e mães, 

  Quantos de vocês já não ouviram falar da famosa “dor do crescimento”? Este termo foi passando de geração a geração e ainda hoje ouvimos em nosso dia a dia. Mas crescer não é normal? Então não deveria doer, não é? Como crescer dói?
  Vamos voltar a tempos remotos, onde os estudos das causas das dores articulares nas crianças não eram totalmente esclarecidos. Os diagnósticos não eram claros, as crianças não eram acompanhadas a longo prazo, e qualquer dor nos membros inferiores (sem causa aparente) era rotulada como dor do crescimento.

  Muitas dores osteoarticulares, que eram rotuladas como dor do crescimento, com a evolução e repetição das queixas por parte da criança, outros sintomas associados surgiam, alertando o médico para o real motivo da dor. Assim, o que inicialmente era dor do crescimento, na verdade, era uma patologia a ser tratada.

  São várias as causas de dores nas pernas em crianças e precisam ser avaliadas com exame físico adequado, raio-x e, às vezes, exames de laboratório para esclarecer o motivo.

  No passado, achava-se que as dores nas pernas, geralmente abaixo dos joelhos, que costumavam surgir ao final do dia ou à noite, às vezes, acordando a criança com episódios agudos de dor e choro, exigindo medidas, como massagem ou até mesmo analgésicos, eram consideradas dor do crescimento.

  Estudos atuais mostram que as  “ditas dores do crescimento” são mais comuns em crianças que possuem as seguintes características:

- Crianças muito ativas, que gostam mais de correr do que de andar, gerando fadiga muscular;

- Crianças que tem maior flexibilidade articular, devido a maior elasticidade ligamentar.
Obs. Uma das funções ligamentares é estabilizar as articulações para absorver os impactos durante a marcha e com isso proteger os ossos dos impactos exagerados. A perda desta característica ligamentar submete os ossos dos membros inferiores a impactos maiores durante as atividades do dia e, como consequência, surgem as dores no final do dia ou no final de atividades físicas. O exame físico articular é suficiente para definir essa característica.

  Outra causa de dor é a câimbra noturna nas panturrilhas. São agudas, temporárias, acordam a criança à noite e melhoram com a massagem e manipulação dos pés, pois acabam, involuntariamente, alongando os músculos da panturrilha.

  Como a criança de baixa idade não sabe informar essa sensação de câimbra, ela é interpretada pelos pais como dor sem causa conhecida, ou as ditas “dores do crescimento”.


RESUMINDO:

- Crescer não dói.

- Diagnóstico de dor do crescimento não existe! (Fiquem atentos!)

- Existem várias causas de dor que devem ser pesquisadas e afastadas principalmente para os casos intermitentes.

- A expressão “dor do crescimento” é falsa, porque o que dói não é crescer, ou a criança é muito ativa com hipermobilidade articular, predispondo a fadiga e dor no final do dia; ou tem câimbra noturna; ou então tem uma real patologia que simula esses sintomas e precisa ser descoberta e tratada.

 - Não menosprezem as dores nas pernas, é comum banalizarem esses sintomas, rotulando-os como dor do crescimento, porém, nem sempre são dores benignas (que passam com massagem e analgésicos). Procurem auxílio e encontrem a causa, pois são vários os diagnósticos diferenciais.

Um forte abraço a todos
Maurício Rangel.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Ninguém quer ser “baixinho”





  A estatura é um dos atributos físicos mais valorizados pela nossa sociedade, afinal ninguém quer ser “baixinho”. É normal que as famílias fiquem preocupadas com a altura de seus filhos, principalmente quando eles são mais baixos que os colegas da mesma idade.
  A estatura é determinada por fatores genéticos (estatura dos pais), fatores hormonais e por fatores externos. Além disso, a prática esportiva, alimentação adequada e a rotina de sono da criança são fatores que também influenciam diretamente no crescimento. 
Por que o sono é importante?
  É importante ter descanso adequado, pois é durante o sono noturno que ocorrem os picos de liberação do hormônio do crescimento.
  A estatura média do brasileiro é 1,65 m. Toda criança com suspeita de baixa estatura deve ser avaliada com exame clínico, de imagem e laboratório, visando afastar patologias.
  Você sabia que hoje é possível, na avaliação inicial – apenas com dados simples como estatura atual, idade cronológica e fator multiplicador para a idade (tabela) - fazer uma projeção da estatura final da criança com o método chamado de multiplicador de Paley? 
  Com relação a exames importantes, a idade óssea é fundamental (Rx da mão e punho para determinar a capacidade das regiões de crescimento responderem ao estímulo), sendo determinante no prognóstico.
  Em meninas um dado muito importante é a idade da menarca (primeira menstruação). Quanto mais cedo, menor será o tempo de crescimento. A menarca representa a fase de estirão do crescimento da adolescência que dura de 1 ano e meio a dois anos após a primeira menstruação.
  Já nos meninos, o estirão ocorre entre os 13 e 16 anos de idade. Geralmente crianças consideradas  baixas inicialmente, podem recuperar espontaneamente o crescimento próprio para a idade.
  Dessa forma, se a previsão da estatura final na maturidade esquelética for abaixo da média da população, podemos, com tratamento adequado, mudar a história natural e aumentar a estatura final da criança.
  É importante ressaltar que, mesmo com tratamento, nós não podemos escolher a altura dos filhos. O tratamento apenas fornece condições para que a criança alcance sua capacidade máxima de crescimento.
  Para tratar, a equipe deverá ser multidisciplinar e envolve o pediatra/ ortopedista pediátrico/ endocrinologista.
Existe cirurgia para crescer?
  Sim. São os alongamentos ósseos. Trata-se de cirurgia complexa, que consiste na colocação de aparelhos fora do osso, presos com pinos (fixadores externos), que permitem o crescimento de 1 mm/dia. Podemos atingir com bastante segurança 6 cm de alongamento em cada osso. Se utilizado em fêmur (coxa) e tíbia (perna), podemos ganhar de 10 a 12 cm de estatura.
  Parece animador, porém, é um tratamento prolongado e a indicação tem que ser precisa. Não é usado por questões meramente estéticas.
  O importante é que, altos ou baixos, nossas crianças tenham saúde.
Um grande abraço,
Maurício Rangel

sábado, 1 de outubro de 2011

Escoliose e mochilas escolares: mitos e verdades



Olá queridos pais e mães, 

  Quantos de vocês já não fizeram essas perguntas:

“Qual o peso ideal do material escolar sem sobrecarregar a coluna do meu filho?”

“Será que a mochila pendurada em um dos ombros não vai entortar a coluna?”

“É melhor a mochila nos ombros ou a de rodinha?”

  À medida que a criança cresce, a demanda de material escolar aumenta. Para que não haja comprometimento da coluna vertebral é recomendado que o peso da mochila não ultrapasse 10% do seu peso corporal, assim não haverá sobrecarga mecânica e dor. Mochilas de rodinha são indicadas toda vez que o peso for maior do que o recomendado.

  A Escoliose é um desvio lateral da coluna e não é causada pelo peso do material escolar. Estudos comparativos entre crianças que só usam mochila pesada em apenas um dos ombros com as que não usam, revelam que a incidência de escoliose é igual para ambos os grupos. Dessa forma provando que o peso não tem relação com a escoliose.

  Existem algumas causas definidas de escoliose, como, por exemplo, as congênitas - onde as vertebras nascem mal formadas e levam ao crescimento assimétrico da coluna, deformando-a progressivamente -. Porém as escolioses mais comuns são as idiopáticas (sem causa definida).

 "Quando devo me preocupar com a coluna do meu filho?"

  Sempre que você observar um desnível na altura dos ombros (um ombro mais alto que o outro) ou desnível na cintura.
 
  Professores de creche, de educação física e pediatras, geralmente são atentos a isso e costumam ser os primeiros a notarem a deformidade. É importante que vocês, papais e mamães, também fiquem atentos.
 
  Escoliose geralmente é visto em meninas jovens, antes da primeira menstruação. Os meninos não estão livres, porém a ocorrência é bem menos frequente.

  Um dado importante é que escoliose não dói, só deforma. Criança que apresenta escoliose e dor deve ser vista o mais rápido possível porque, provavelmente, não se trata de escoliose isoladamente. Outros diagnósticos associados deverão ser investigados.

  Outro ponto importante é que, às vezes, o que parece escoliose lombar, na verdade, é curva secundária a uma desigualdade no comprimento das pernas (uma maior que outra), gerando desnível na cintura e parecendo escoliose. Nesses casos o tratamento deve ser direcionado para corrigir o tamanho das pernas.

  Uma boa avaliação médica, com exame físico e de imagem adequado, será suficiente para conclusão diagnóstica.

 "Toda escoliose é progressiva?"

  Nem todas. Existem as posturais - que não progridem-, porém aquelas com características progressivas precisam de tratamento e acompanhamento constante. 

  São várias as formas de tratamento. Vão desde exercício físico, RPG, uso de coletes, até cirurgia. Cada caso deve ser avaliado individualmente, porque diversos fatores precisam ser levados em consideração para cada indicação.

  Notou algum desvio na coluna do seu filho, procure logo o atendimento. Não deixe para depois. Quanto mais cedo ele for visto, melhores serão os resultados do tratamento. Fiquem atentos!
       
Um forte abraço a todos,
         Dr. Maurício Rangel