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sábado, 9 de agosto de 2014

Conheça a escoliose na paralisia cerebral.


A escoliose é um desvio tridimensional da coluna vertebral, cujo principal componente é a deformidade lateral e rotacional vertebral.

As crianças com paralisia cerebral e envolvimento completo corporal, ou seja, as tetraparéticas, não andadoras, são as mais acometidas pela deformidade vertebral.

Trata-se de um grupo de crianças e adolescentes com paralisia cerebral cuja classificação motora funcional tem como característica, a incapacidade para marcha, pouca sustentação da cabeça, pescoço e tronco sendo portando, necessário o deslocamento com cadeira de rodas.



A deformidade vertebral não é só lateral e rotacional, muita vezes, tem componentes importantes em hirpercifose e hiperlordose que levam a dificuldades no manuseio diário das crianças.


Por que surge a escoliose?

Na tetraparesia espástica, a escoliose surge devido a espasticidade da musculatura paravertebral, incapacidade de sustentação do tronco e fraqueza muscular.




As queixas apresentadas:

Quando a deformidade é progressiva, os principais problemas citados pelos cuidadores e familiares são:

- A diminuição da tolerância das crianças de permanecerem sentados com conforto na cadeira de rodas;

- Dor na coluna vertebral devido a deformidades acentuadas, não só lateral mas também, em hipercifose e hiperlordose;

- Desvio da pelve (obliquidade pelve), onde um dos lados da pelve (osso da bacia) se eleva, dificultando o posicionamento sentado da criança. Além disso, o desvio da pelve é um dos fatores que levam a deslocamento do quadril com surgimento de dor e deformidade nesta articulação;


- Surgimento de úlceras na pelve e no sacro devido ao apoio assimétrico do peso nessas regiões;

- Quando existe deformidade em hipercifose torácica, a dificuldade em sustentar o tronco, leva a prejuízo na alimentação dos pacientes que o fazem por via oral e que não tem gastrostomia;

- Deformidades acentuadas toracolombares levam a prejuízo respiratório e dificuldade na mobilização de secreções respiratórias.


A consulta médica ortopédica:

A avaliação médica deve levar em consideração todos os problemas citados acima, o exame físico da deformidade, principalmente no que diz respeito a flexibilidade das curva e a presença de obliquidade pélvica, o equilíbrio do tronco quando a criança estiver sentada e a avaliação radiológica da deformidade com medição da curva no plano coronal e sagital.

O tratamento:

Em crianças de baixa idade, com curvas flexíveis e de baixo valor angular, o tratamento conservador deve ser realizado com medidas fisioterápicas que proporcionem melhora na postura vertebral, adaptações no encosto da cadeira de rodas de forma a corrigir a deformidade com colocação de coxins adaptados ao encosto da cadeira para corrigir as curvas.

Sabemos que uso de coletes não são recomendados para as crianças tetraparéticas espásticas pois, seu uso leva a úlceras na pele, não são bem toleradas e não tem comprovação científica em impedir a progressão da deformidade, portanto, ao invés de coletes, damos preferência a realização de adaptações no encosto da cadeira, feitos na oficina ortopédica.

Nas curvas progressivas, rígidas, com valores angulares acentuados, onde as medidas conservadoras são ineficazes em aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da criança ou adolescente, estará indicado a correção cirúrgica da deformidade com artrodese vertebral e instrumentação até a pelve.

Trata-se de cirurgia de grande porte porém, que oferece resultados satisfatórios para aquelas deformidades acentuadas, alívio da dor vertebral, correção da aparência da coluna vertebral, aumento da tolerância sentado na cadeira de rodas, interrupção no surgimento de úlceras e correção do desvio da pelve.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel

Para agendar consultas, o tel. do consultório é (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.