Criança e Saúde

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quarta-feira, 27 de março de 2013

Escoliose do adolescente pode ser tratado com colete usado a noite?






Sabemos que escoliose é um desvio lateral da coluna vertebral com deformidade rotacional do corpo da vértebra.

Clinicamente, o que observamos vem a ser a assimetria na altura dos ombros, também relatado como desnível nos ombros, assimetria ou desnível na cintura e formação de gibosidade, ou seja, um caroço nas costas quando o adolescente inclina o tronco para frente.

Escoliose causa deformidade que pode ou não ser progressiva mas, sem dor.

É mais comum em meninas, a causa é desconhecida, sendo referida como idiopática e uma das formas de classificar é com relação a idade de surgimento.

A escoliose é do adolescente quando seu surgimento ocorreu em idades maiores ou iguais a 11 anos.


 

A forma de tratamento depende de vários fatores, sendo que os principais são:

- Tamanho da curva medidos nas radiografias com o adolescente em pé;




- Tipo de curva, sabendo que as curvas podem ser torácicas, lombares, toracolombares, dupla curva e até tripla curva;

- Grau de maturidade do esqueleto, levando em cosideração critérios radiográficos da ossificação da crista ilíaca (osso da bacia), conhecido como escala de maturação de Risser.




- Nas meninas, o surgimento ou não da menarca (primeira menstruação) é um marco importante do estirão do crescimento da puberdade.

Existem diversas formas de acompanhar e tratar a deformidade:

Exercícios físicos, fisioterapia motora, RPG, coletes e correção cirúrgica são as modalidades de tratamento existentes.


O uso do colete:
Qual a indicação?




Em linhas gerais, pacientes imaturos do ponto de vista esquelético, ou seja, com grande potencial de crescimento da sua coluna vertebral e que apresente valores da curva entre 25 -45 graus, são os candidatos ao uso do colete.

O objetivo do colete é o de impedir a progressão da curva escoliótica enquanto o indivíduo está crescendo. 

Não tem como objetivo corrigir a curva, apenas impedir sua piora.

Para atingir esses objetivos, eram prescritos por período integral de uso, ou seja, a recomendação era para uso 23 h/dia, retirando só para banho, esportes e fisioterapia.

Na prática, muita resistência é encontrada por parte do adolescente em respeitar na íntegra esse protocolo de tratamento, por diversos motivos, sendo um deles o estigma que o colete exerce no convívio com os amigos/as, vergonha por ter que usar um aparelho, diferente das outras pessoas da mesma idade, ou seja, dificuldades com o convívio social.

A aceitação do uso do colete é um problema por parte do adolescente.




A mensuração, por parte do médico e da família, quando ao número de horas /dia do uso do colete é muito dificil de ser feita, ficando assim, questionável se o uso do colete, de forma irregular, seria eficaz em tratar a deformidade.

Vários estudiosos no assunto tem repensado o número de horas/dia necessários para que o colete consiga realizar seus objetivos.

Estudos tem sido desenvolvidos com o objetivo de saber se o uso noturno do colete (8h de sono), poderia diminuir os efeitos negativos na aceitação do tratamento, facilitando a vida do adolescente, sem prejudicar o resultado final.

Os resultados publicados no mundo todo, quando em se tratando de escoliose do adolescente, revelam que o uso noturno do colete, permite uma maior modelagem e consequentemente maior manutenção da curva corrigida dentro do colete, sendo bem tolerado pelo adolescente, devido ao menor número horas usado por dia.




Quando comparados com os pacientes que usam o colete de forma integral, os estudos revelam que o uso noturno (8h) e o uso integral (23H), oferecem resultados semelhantes em termos de eficácia do tratamento, por isso sendo justificado a prescrição do colete para uso noturno.

Importante ressaltar que cerca de 25 a 35% dos pacientes que usam colete, sejam por uso integral ou noturno, terão progressão da deformidade, por motivos desconhecidos ainda.

Estes serão os pacientes que necessitarão de correção cirúrgica da sua deformidade.

Para a indicação do uso noturno do colete é preciso que as curvas respeitem alguns critérios que são definidos na consulta médica, através da medição da curva, localização e onde está a vétebra do apice da curva.

Radiografia de controle feitas com o colete são importantes para saber a flexibilidade da curva e até quanto o colete está alinhando a curva.


Conclusões:

Sabemos hoje que a prescrição para colete de uso noturno para o tratamento da escoliose passou a ser a regra, nos casos de escoliose do adolescente, respeitando as indicações quanto as características da curva;

Isso representa uma melhoria na aceitação ao tratamento por parte do paciente;

Mantém a eficácia do método e representa um avanço no tratamento dessa deformidade tão comum.

Um abraço a todos,

Dr. Mauricio Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br

quarta-feira, 20 de março de 2013

Luxação congênita do quadril não tratada. Uma triste realidade.





Apesar de todos os esforços na divulgação dos métodos de diagnóstico precoce que permitam o tratamento adequado desta patologia, ainda nos deparamos com situações de crianças, já na fase de marcha e ainda com seus quadris sem tratamento.

Os motivos pelos quais isso ainda ocorre no Brasil, são diversos e vão desde a ineficiência da saúde pública em oferecer centros com profisisonais capacitados para o tratamento da luxação congênita do quadril, dificuldade de acesso da população ao sistema público de saúde e, até mesmo, negligência e abadono da criança pelos próprios cuidadores. Uma triste realidade social da nossa população.




O diagnóstico tardio desta patologia implica em maior complexidade para o tratamento, com maiores riscos e tempo prolongado de imobilização para a correção do quadril.

Quando falamos de crianças já caminhando com seus quadris deslocados, estamos nos referindo a marcha extremamente ineficiente, mancando grosseiramente e com importante limitação nos movimentos do quadril luxado.




Estamos falando também de correção cirúrgica de grande porte para uma criança, com possibilidade de maiores perdas sanguíneas, acesso cirúrgicos amplos, muitas vezes, necessitando de cirurgias ósseas associadas para a obtenção do resultado esperado.

Os custos para o tratamento são altos, tempo de internação prolongado e a ocupação de leito hospitalar longa.

Tudo isso aumenta a morbidade do procedimento e os riscos de complicações também.




O objetivo do tratamento é posicionar a cabeça femoral no seu local anatômico, conhecido como acetábulo.

É preciso que, uma vez posicionado adequadamente, fique estável e sem a possibilidade de sair novamente da sua posição.

Além disso, o quadril precisa preservar sua mobilidade e as estrutuas ósseas precisam ter desenvolvimento adequado que garanta a sobrevida articular em longo prazo.

A marcha precisa ser melhorada e os quadris não apresentarem dor.


O período pós-operatório:




É feito com aparelho gessado imobilizando toda a região operada, ou seja, vai desde a região acima do quadril até o pé, conhecido com gesso pelvepodálico.

Tem uma abertura no períneo que permita evacuação e micção.

As pernas são imobilizadas e mantidas afastadas através de uma barra unindo o gesso.

É fundamental o entendimento por parte dos cuidadores com a manutenção da higiene do períneo, as trocas de fraldas a intervalos regulares que impeçam a contaminação das feridas operatórias além de manter a integridade do gesso, durante todo o período do tratamento.




Comunicação frequente entre os cuidadores e a equipe cirúrgica responsável também é fundamental para a boa evolução.

Acompanhamento de perto, com consultas regulares para inspeção do gesso, feridas operatórias e exames de imagem analisando a manutençao da correção articular.


A segunda etapa pós-operatória:

Após o período inicial com o gesso pelvepodálico, a criança precisa ser examinada sob anestesia e no centro cirúrgico, para que sejam feitos exames radiológicos confirmando a manutenção da posição articular e a troca do gesso que, passa a ser em dupla abdução, ou seja, só imobiliza as pernas (da coxa até os pés), mantendo a barra de união entre os gessos mas, permitindo a criança os movimentos de sentar e deitar (flexão e extensão), sem o risco do quadril perder a posição.


As possíveis complicações :


Devem ser reconhecidas e tratadas imediatamente:

- Infecção da ferida operatória deve ser drenado no centro cirúrgico e terapia antibiótica endovenosa instituida;

- Perda da posição do quadril deve ser tratado com manipulação e troca do aparelho gessado ou até mesmo nova cirurgia se for necessário;

- Necrose da cabeça do femur é um problema desafiador, de difícil solução e que, geralmente, cursa com encurtamento do membro inferior, rigidez articular e dor;

- Displasia do acetábulo, ou seja, a incapacidade do osso que cobre a cabeça femoral em desenvolver-se adequadamente é um problema que exige cirurgia complementar pois, a persistência levará a artrose do quadril.


Conclusões:




Luxação congênita do quadril deve ser diagnosticada na criança recém-nascida.




O tratamento precoce é simples, com baixa morbidade e com ótimos resultados.




Tratamento tardio é desafiador, com cirurgias de grande porte e internação prolongada, uso de aparelho gessado por longo período e maiores riscos de complicações.



Um abraço a todos,

Dr. Mauricio Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br