Criança e Saúde

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

O fêmur curto congênito: Conheça a patologia.






 Trata-se de uma patologia de origem congênita e que caracteriza-se pela diminuição do tamanho do fêmur (osso da coxa), podendo apresentar deformidades associadas e até ausência parcial do osso.


Chamamos de fêmur curto congênito quando o osso da coxa é curto mas sem alteração no seu formato.

Quando estamos diante de uma criança que tem o fêmur curto porém, com alterações no seu formato ou com ausência parcial do osso, a nomenclatura passa a ser de deficiência femoral focal proximal.


O quadro clínico:




Visto no recém-nascido que apresenta a coxa encurtada, o quadril em atitude de rotação externa e o grande encurtamento do membro inferior fazendo com que o pé do lado curto esteja na altura do joelho do lado normal.

Existem diversas formas de apresentação que precisam ser classificadas com a combinação de exame físico ortopédico e exame de imagem.


Os exames de imagem visam anallisar:





- Formato do quadril e se existe displasia desta ariculação, ou seja, se a cabeça femoral está ossificada ou não e se o teto da articulação esta normalmente formado ou insuficiente.

- Formato do osso, principalmente na sua extremidade próxima ao quadril, onde podemos ter anormalidades, conhecida como coxa varo, onde há diminuição no ângulo entre a cabeça do fêmur e o colo femoral com limitação no movimento do quadril da criança principalmente da abertura do quadril.

Na consulta devem ser analisados ainda o formato dos joelhos pois, é comum a criança apresentar deformidade em valgo do joelho.
 
A patela, osso da frente do joelho deve ser palpada e analisada quanto a sua estabilidade durante a mobilidade articular. 

O exame físico ligamentar também é um ponto importante a ser avaliado pois, é frequente, a criança apresentar ausência do ligamento cruzado anterior e franca instabilidade do joelho ao exame físico. 

O pé do lado curto também deve ser examinado quanto a ausência de raios laterais e a mobilidade do tornozelo.





O tamanho do encurtamento na maturidade esquelética:


Pode ser estimado na primeira consulta através do método multiplicador de Paley onde, medimos o encurtamento atual e usamos a tabela multiplicadora de acordo com a idade da criança.



O tratamento:





Depende dos diversos fatores citados acima e tem por objetivo a recuperação do comprimento do membro curto seja por procedimento de alongamento ósseo ou através de prótese de extensão.



As possibilidades cirúrgicas:




- Correção da deformidade do fêmur e acetábulo (quadril), através de osteotomia femoral de realinhamento associado a osteotomia periacetabular;

- Correção da instabilidade patelar quando presente;

- Alongamento ósseo;

- Epifisiodese (cirurgia que visa inibir o crescimento do membro longo, feita em momentos adequados)

- Cirurgias de salvamento que visam preparar o membro inferior para utilização de prótese de extensão.





Conclusões:


Deficiência femoral focal proximal é uma patologia com diversas formas de apresentação.

O tratamento é prolongado, com várias etapas e que visam oferecer um membro inferior funcional para as atividade diárias, seja através de procedimentos reconstrutivos como os alongamento ósseos ou atráves da adaptação de próteses de extensão em pacientes com formas graves da doença, onde os alongamentos não tem indicação.


Um abraço a todos,


Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O acentuado geno varo (pernas arqueadas) em crianças





O arqueamento das pernas na criança é uma situação bastante frequente encontrada nos consultórios.


Na maioria das vezes trata-se de uma situação benigna e temporária, ou seja, geno varo fisiológico, com expectativa de correção espontânea progressiva.

Existem situações de arqueamento das pernas patológico (pernas tortas para fora), em que a correção não ocorre espontâneamente, muito pelo contrário, onde a história natural é para piora progressiva, se não tratado precocemente.

É muito importante o reconhecimento por parte do profissional da saúde daqueles casos de evolução desfavorável para que a indicação de tratamento seja feito nas idades adequadas, quando a deformidade é progressiva.

O caso citado abaixo reflete a demora no reconhecimento de uma deformidade progressiva, fazendo com que a criança chegasse na primeira consulta comigo com essa deformidade grave e já praticamente com impossibilidade para caminhar mesmo pequenas distâncias.


O que fazer nesta situação?


Criança, menina, 5 anos de idade, com acentuado arqueamento dos membros inferiores, grande dificuldade para a marcha, já tendo sido atendida por diversos profissionais de saúde, sem receber a indicação para o tratamento adequado.


O exame físico:




O acentuado arqueamento é localizado no segmento logo abaixo do joelho, osso conhecido como tíbia, onde, além da deformidade angular evidente, há também deformidade rotacional interna, ou seja, ao ficar em posição de pé, os pés ficam virados para dentro.

O exame ligamentar dos joelhos revelam uma grave instabilidade com as manobras provocativas, característico de situações de arqueamento patológico.

Não há desigualdade no comprimento dos membros inferiores.

A criança só consegue caminhar pequenas distâncias, dentro do domicílio e sempre amparada pelo apoio de um familiar ou na mobília.


O exame radiológico de imagem:




Feito com a criança em posição de pé, evidencia lesão na região de crescimento medial e proximal da tíbia, osso logo abaixo do joelho, provocando o crescimento assimétrico deste osso, acentuando cada vez mais a deformidade.

A patologia é bilateral, as demais regiões de crescimento estão preservadas e normais.


O tratamento indicado:


Após a análise do caso através da história clínica, exame físico e de imagem, foi indicado a correção cirúrgica da deformidade, com um procedimento ósseo, chamado de osteotomia, onde é feito um corte cirúrgico no osso permitindo  o seu realinhamento, corrigindo portanto a angulação e a deformidade rotacional interna associada no mesmo ato operatório.

A indicação de correção foi feita em ambos os membros inferiores no mesmo ato operatório.

Existem diversas técnicas para realizar a mesma cirurgia porém, a escolhida para esse caso, foi a correção utilizando um aparelho de fixação externa pois, permite a correção imediata, não usa gesso, a criança pode mobilizar precocemente as articulações e ficar em pé e caminhar com auxílio de andador ou muletas também de forma precoce. 





Os cuidados necessários são a manutenção da higiene dos pinos, no contato com a pele e as visitas regulares para o acompanhamento pós-operatório.


O resultado:



Após a consolidação adequada da osteotomia e a retirada do aparelho de fixador externo, observamos a correção satisfatória e o restabelecimento da marcha adequada da criança.


Conclusões:



Arqueamento das pernas na criança é uma deformidade que precisa ser acompanhada pelo ortopedista pediátrico.

Na maioria das vezes a deformidade tem comportamento benigno com correção espontânea dentro dos prazos determinados.

Reconhecimento dos casos desfavoráveis e que exigem tratamento deve ser feito de forma precoce para que a correção seja feita antes do surgimento de deformidades tão acentuadas como a citada acima.


Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dor óssea em crianças. Conheça as causas:







Dor óssea e articular em crianças é uma queixa frequente nos consultórios.

Algumas vezes a dor existe em mais de um segmento corporal, chamada de poliartralgia, ampliando assim as possibilidades diagnósticas.

São diversas as causas existentes para a mesma queixa.

Chegar ao diagnóstico definitivo, nem sempre é uma tarefa fácil.

Patologias ortopédicas, reumatológicas e até hematológicas devem ser pensadas para chegarmos a causa da dor.

Em patologias não ortopédicas mas, que se apresentam com dor musculoesquelética no início do quadro, muitas vezes, é o ortopedista pediátrico, o primeiro médico a ser procurado para avaliar a criança.

As características da dor, o exame físico detalhado e um alto grau de suspeita devem ser necessários para fazer o exato diagnóstico.

O objetivo deste artigo é o de chamar a atenção para uma patologia não ortopédica, chamada de leucemia, cujo diagnóstico precoce é muito importante para o tratamento e prognóstico, em que suas manifestações iniciais se dão através de dor osteoarticular em vários segmentos do corpo.




As manifestações ortopédicas das leucemias:


Leucemia é uma patologia maligna da medula óssea.

É o principal tumor que acomete as crianças.

Suas manifestações clínicas podem simular diversas patologias ortopédicas, sendo a dor óssea uma queixa muito comum.

A primeira queixa apresentada pelas crianças com leucemia vem a ser a dor óssea pois, ocorre uma proliferação das células malignas da medula óssea contida nos ossos longos dos membros superiores e inferiores e coluna vertebral, dando origem aos sintomas iniciais.

Inicialmente essa dor é inespecífica, podendo acometer qualquer osso ou articulação e podendo também ocorrer em vários segmentos corporais ao mesmo tempo.

Cerca de 80% das crianças apresentam algum sintoma associado, já na primeira avaliação, sendo que o principal são episódios de febre que podem ser intermitentes ou constantes e de origem obscura.




Pode haver relato de abatimento, perda de peso e apetite e mudanças nas rotinas diárias da criança relacionadas a fadiga.

O exame físico ortopédico muitas vezes é inespecífico, não havendo limitação na mobilidade passiva das articulações ou inchaço mas, podendo haver dor a palpação óssea nos segmentos acometidos.


A suspeita:




Na rotina de investigação, devemos sempre solicitar exames simples de imagem e laboratório com o objetivo de encontrar a causa para as queixas e também para afastarmos algumas patologias dentro das várias possibilidades existentes.


Radiografia simples:


Na leucemia, as radiografias revelam algumas alterações sugestivas sendo a osteopenia (refletindo o enfraquecimento ósseo), um achado muito frequente mas, também inespecífico, podendo ocorrer em outras patologias.


O laboratório:



O exame de sangue (hemograma) com marcador de inflamação também deve fazer parte da avaliação inicial.

O hemograma em 60% dos casos vai revelar aumento dos leucócitos (células de defesa do corpo) e os marcadores de inflamação estarão elevados também. 

Essa combinação de dor óssea acompanhaddo de febre com laboratório revelando elevação da céluas de defesa e marcadores de inflamação elevados, farão a suspeita do principal diagnóstico diferencial que é o de infecção osteoarticular (osteomielite ou artrite séptica), que são muito mais comuns do que a leucemia.

Os casos de suspeita de infecção musculoesquelética que não apresentam bactéria identificada e não melhoram com a terapia cirúrgica e medicamentosa indicada, reforçam a suspeita de leucemia como diagnóstico definitivo.

Outro ponto importante que deve ser ressaltado na suspeita são as crianças que apresentam como queixa principal dor óssea com episódios de febre intermitente e que apresentam no laboratório anemia inexplicada acompanhada de diminuição do número de células de defesa (leucócitos).




Conclusões:


Dor óssea em crianças com episódios de febre intermitente, associado ou não a perda de peso, apetite e abatimento, deve ser investigado com exame físico criterioso, exame de imagem e de laboratório.

Muitas vezes é o ortopedista pediátrico o primeiro médico a examinar a criança.

Exames simples como hemograma completo e marcador de inflamação, com radiografia simples podem, em conjunto com os dados obtidos na história clínica e exame físico fazer o diagnóstico precoce de leucemia.




Uma vez confirmado a suspeita, a criança deve ser avaliada por hematologista ou oncologista para a confirmação do tipo de leucemia e o início do tratamento.


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br