Criança e Saúde

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pernas tortas. Quando devo tratar?



  Deformidade nas pernas sempre é motivo de preocupação e consulta ortopédica. A história natural do alinhamento das pernas se caracteriza por uma fase de arqueamento (joelhos afastados), seguido por uma fase de “joelhos juntos” (popularmente chamado de “tesourinha”), até a fase final, onde as pernas ficam retificadas. De acordo com a idade da criança e simetria das pernas, podemos saber se está na faixa de normalidade ou não.



“Pernas Arqueadas” (Tíbias Varo Fisiológicas)

  Deformidade vista no recém-nascido que se caracteriza pela presença dos joelhos afastados e que se exacerba quando a criança inicia a marcha. Nesta fase, além do afastamento dos joelhos também chama atenção os pés que são virados para dentro. Quando bilateral e simétrico tende a ser fisiológico com capacidade de correção progressiva com o crescimento, sem tratamento.

  Precisa ser avaliado e acompanhado regularmente com exame clínico e de imagem. Faz diagnóstico diferencial com outras patologias que precisam ser excluídas. Tem prognóstico para correção espontânea, porém, poucos casos evoluem para piora progressiva, esses são patológicos, ocorrendo em crianças que começam a caminhar cedo e com sobrepeso. Trata-se de patologia da região do crescimento da tíbia, conhecida como doença de Blount (principal causa de arqueamento patológico) e precisam ser corrigidos com cirurgia. CONTINUE LENDO NO NOSSO NOVO SITE: CRIANÇA E SAÚDE! Clique Aui! 


“Pernas Tesourinha” (Geno Valgo)

  Deformidade que se caracteriza pelos joelhos juntos, batendo um contra o outro durante a marcha, e afastamento dos tornozelos, dando um aspecto em "X" das pernas. Surge após os dois anos de idade e se exacerba até os 4 anos.

  Quando bilateral e simétrico nesta faixa etária tende a ser fisiológico, com correção mesmo sem tratamento, precisa ser avaliado e acompanhado com exames clínico e de imagem regularmente. Faz diagnóstico diferencial com outras patologias que precisam ser excluídas. São comuns em crianças com sobrepeso ou com história familiar positiva em pai e mãe. Tem comportamento benigno, porém, alguns casos progridem saindo da faixa de normalidade.

  Não há aparelhos, palmilhas ou botas ortopédicas capazes de mudar a história natural da deformidade.

  Os casos que ultrapassaram a idade de correção espontânea e que encontram-se acima da normalidade, em adolescentes, por exemplo, devem ser submetidos a procedimento cirúrgico visando reequilibrar o crescimento do joelho permitindo a correção progressiva até a maturidade esquelética (Técnica conhecida com Epifisiodese).

  Existe uma idade adequada para o procedimento que difere em meninos e meninas e depende da maturidade esquelética para sua indicação.  







O Amadurecendo Com Saúde cresceu e virou um grande site sobre saúde infantil. Todo o conteúdo deste Blog está disponível no novo site. Em breve este endereço não existirá.

Obrigada pela atenção, 
Equipe Criança e Saúde - (antigo Amadurecendo Com Saúde)



Marcha com pés virados para dentro

  Algumas crianças começam a marcha com os pés virados para dentro, a frente dos pés para dentro, às vezes, batendo um pé contra o outro a cada passo.

Existem quatro motivos para que isso ocorra:

- Deformidade da frente do pé (chamado pé metatarsovaro).

- Deformidade na coxa (anteversão femoral), vista em crianças quando sentam sobre os pés em "W".

- Deformidade na perna (torção interna).

- Uma combinação de dois ou três destes fatores.

  Uma boa avaliação médica especializada, com exame clínico adequado é capaz de localizar o problema e orientar a família adequadamente quanto ao prognóstico deste padrão de marcha.

  Um fato frequente encontrado nessas crianças é a capacidade que tem de sentar com os pés virados para trás, sobre os pés, o que chamamos sentar em "W", que contribui para exacerbar o padrão de marcha com pés para dentro (como na foto acima).

Postura adequada para sentar:


  Na maioria dos casos o prognóstico é bom, com tendência a correção espontânea progressiva até as idades previstas.

  Sabemos que não há aparelhos que possam acelerar a recuperação como se achava no passado, portanto:

- Faixas elásticas anti-rotatórias nos membros inferiores, usados durante a marcha são contraindicados e proibidos, não tem benefício.


(faixa elástica)

- Órteses de uso noturno prendendo os pés, com barra metálica, sendo os pés posicionados em rotação externa, são contra indicados e não tem benefícios.


(aparelho noturno)

- Palmilhas não tem nenhum efeito na torção dos membros durante a marcha e, portanto, são contraindicadas para este fim.


  Na maioria das vezes o tratamento inicial é expectante, acompanhando e orientando quanto ao uso de calçados adequados e prática esportiva regular.

  Em situações de exceção, o tratamento cirúrgico será recomendado, só quando os prazos de correção espontânea terminaram e a deformidade residual for grave, o que não é comum ser encontrado.

  É preciso uma boa avaliação médica com acompanhamento adequado para determinar as formas de tratamento.   




Grande Abraço,

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cuidados ortopédicos na Síndrome de Down




  Do ponto de vista ortopédico, crianças com Síndrome de Down apresentam maior flexibilidade articular devido a grande elasticidade ligamentar. Além disso, apresentam atraso no desenvolvimento das aptidões motoras.

  Logo ao nascimento devem passar por avaliação pediátrica, ortopédica e cardiológica para afastar patologias congênitas.

O que o ortopedista precisa examinar?  

O exame físico geral envolve: 

 - Análise da mobilidade e estabilidade articular ( Principalmente quadris / joelhos / tornozelos e pés pois suportam o peso corporal na marcha )

 - Pesquisa de contraturas que coloquem as articulações em posturas viciosas anômalas

Obs: Atenção especial deve ser dada aos quadris, pois tem risco de displasia do desenvolvimento, ou seja, situação onde os quadris são instáveis (saem e voltam à posição normal), ou são luxados (permanecem fora da posição irredutíveis).

- Comprimento dos membros inferiores

- Arco de movimento dos joelhos e estabilidade da articulação da patela (antiga rótula), pois são de risco de instabilidade e mal formação

- Análise da coluna vertebral

- Avaliação completa dos membros superiores





Qual a historia natural do ponto de vista motor?

 Uma conversa franca com os pais é fundamental. As crianças precisam de estimulo motor fisioterápico precoce, com objetivo de aquisição de aptidões motoras. É importante que a criança inicie a terapia motora só após da avaliação ortopédica completa. O inicio da marcha na maioria das vezes atrasa, porém conseguirão marcha independente. Cada criança tem seu tempo. A Fisioterapia é fundamental nesse quesito.

 O formato dos pés no início da marcha será plano (sem a curvinha medial), o que dará um aspecto de que estão pisando torto. Embora cause preocupação, na maioria das vezes, não atrapalha o desempenho motor, geralmente não precisam de palmilhas e devem ser protegidos com tênis confortável quando já tiverem iniciando os passos com ou sem auxilio.

 Quedas frequentes são comuns, porém não tem nenhuma relação com os pés planos. Ocorrem simplesmente por imaturidade do sistema nervoso central em permitir coordenação motora.




E a coluna cervical? Há risco para prática esportiva?

  Sim há risco. É fundamental, após o inicio da marcha independente e principalmente antes de iniciar prática esportiva de contato, uma avaliação do pescoço.

Por quê?

  Instabilidade atlantoaxial, entre a primeira e a segunda vertebra cervical, além da entre o crânio e a primeira vertebra cervical.

  A coluna cervical protege a medula espinhal, quando há instabilidade e a criança é submetida a esportes que predispõe a trauma no pescoço, isso pode levar à lesão medular e suas consequências quanto a paralisia motora.

Como é feito?

  Exame físico, análise da marcha, mobilidade do pescoço, presença de dor ou torcicolo de repetição. Em relação às imagens, o fundamental é o Raio-X dinâmico em perfil com flexão e extensão, onde serão feitos medições do intervalo entre a primeira e segunda vertebras cervicais.Com esses dados podemos, com segurança, recomendar a prática esportiva ou contra-indicar esportes de contato até o tratamento da instabilidade ser concluído.

Qual a periodicidade das avaliações ortopédicas?

  A recomendação é anual, podendo ser antecipado se surgirem queixas antes disso.

  Surgimento de claudicação (mancar) - sem causa aparente, diminuição das distâncias caminhadas, acompanhado ou não de dor, deve ser motivo de preocupação e revisão ortopédica.

  Quadris, joelhos e pés devem ser monitorados com exame físico e de imagem se necessário.

  A coluna vertebral apresenta risco de desenvolvimento de escoliose principalmente na fase de crescimento rápido da adolescência e, portanto, também deve ser acompanhado.

  Com esse protocolo podemos manter a saúde das nossas crianças especiais com Síndrome de Down.






Um abraço a todos,
Dr. Maurício Rangel

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O que é pé torto congênito?





O que é pé torto congênito?

  Deformidade vista no recém-nascido que se caracteriza pelo pé virado para dentro e para baixo (equinovaro), rígido, sendo difícil coloca-lo na posição normal com a manipulação. Pode ser uni ou bilateral. A panturrilha (batata da perna) é mais fina no lado envolvido.

  Frequentemente, durante o pré-natal, a deformidade é vista na ultrassonografia. Assim os pais já vão se preparando e se informando sobre os melhores profissionais capazes de realizar o tratamento adequado.

  Quando a deformidade  só é descoberta no nascimento, os pais ficam muito preocupados e, as vezes, tem dificuldade em encontrar profissionais preparados para o tratamento.





PERGUNTAS FREQUENTES

"O que fazer quando meu filho nasce com pé torto congênito?"

  Primeiro quero deixar bem claro que, com o tratamento adequado, os pés serão completamente corrigidos.

  As crianças devem ser tratadas por um profissional capacitado para essa patologia. Não deixem seus filhos serem tratados por ortopedista generalista, que trata de adulto e só eventualmente atendem criança.

"Por que meu filho nasceu com o pé assim?"

  A causa é desconhecida, apesar de existirem algumas teorias, nenhuma consegue explicar completamente a deformidade. Sabemos que história familiar é um fator de risco importante.

"Meu filho vai sentir dor a cada manipulação?"

  Não, desde que sejam respeitadas as técnicas de correção suave e delicada do pé, nunca corrigindo abruptamente aquelas deformidades rígidas. A correção é sempre progressiva, passo a passo.

"O gesso não é muito pesado para o recém-nascido?"

  Não, a técnica recomenda que os gessos sejam bem modelados e com camadas apenas suficientes para manter a correção, não precisa ser muito grosso.



TRATAMENTO





  O tratamento deve ser iniciado nos primeiros dias de vida, de preferência na primeira semana, e é feito com manipulações suaves dos pés e com gessos sucessivos para manter a posição após a manipulação.
 
  Os gessos devem ser feitos pelo médico que vai tratar. Parece obvio, mas não é. Cada vez mais vejo casos onde os gessos são feitos pelo técnico de imobilização gessada e não pelo médico. Tudo isso porque o procedimento é delicado, leva tempo e o médico não quer perder esse tempo a cada troca de gesso.

  Cuidado! Vejo muitas famílias me dizendo que o técnico machucou a perna da criança com a serra para retirada do gesso. Não podemos admitir isso. Os gessos são sempre altos (da coxa até os pés), como na foto.

   As trocas são feitas semanalmente, até a correção completa da frente do pé. Geralmente são 6 a 8 semanas de trocas até a correção da frente do pé ser obtida.


"Cirurgia? Não tem outra opção?"

  Infelizmente não. Os gessos não corrigem a posição da parte de trás do pé, que se mantem para baixo (equino) e a cirurgia é uma etapa fundamental no tratamento. 


"Quando a cirurgia deve ser feita?"

  Geralmente após o oitavo gesso, ou quando a parte da frente do pé estiver completamente corrigida. Trata-se de uma pequena cirurgia no tendão de Aquiles para correção da parte de trás do pé (equino). Técnica percutânea, com a criança anestesiada em centro cirúrgico e internação de 24 horas. Técnica de Ponseti, a mais moderna e utilizada em todos os grandes centros médicos do mundo. O gesso pós-operatório é mantido por 3 semanas.


"Meu filho vai precisar usar algum aparelho após a retirada do gesso?"

  Após a correção completa, a manutenção é feita com órtese. Esse é uma etapa fundamental no tratamento. A órtese (aparelho) deve ser usada durante 3 meses de dia e à noite - só sendo retirada para banho. Posteriormente será usado só à noite. A não utilização adequada do aparelho implica em recidiva das deformidades, exigindo reiniciar o tratamento.



ASPECTOS IMPORTANTES

  O ideal é que os pés estejam corrigidos antes que a criança complete um ano de idade, quando ela já esta começando a marcha, sendo importante já ter seu pé corrigido.

  O objetivo final é obter pés plantígrados, móveis, sem dor e bem adaptados aos calçados.

  Uma vez corrigidos adequadamente, serão acompanhados durante todo o crescimento, pois podem ocorrer pequenas recidivas, necessitando de tratamento complementar.

  Alguns pés com recidivas dinâmicas, durante a marcha, se beneficiarão de transferências tendinosas.

  Cirurgias mais extensas serão necessárias para aqueles casos de apresentação tardia, onde acessos cirúrgicos mais amplos serão a única forma de conseguir correção completa.

  Cirurgias ósseas (conhecidas como osteotomias) serão necessárias para casos inveterados, ou seja, casos graves e sem tratamento.

  Uma boa avaliação médica especializada será necessária para determinar as indicações adequadas, bem como as idades ideais para cada procedimento citado.

  O tratamento é longo, exige paciência por parte da família e do médico assistente. É um trabalho artesanal na hora do gesso e oferece resultados recompensadores.

Fiquem tranquilos!
 

Um abraço a todos,
  Dr. Maurício Rangel


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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Recém-nascidos precisam de ortopedista?





Boa noite, queridos papais e mamães,

  Hoje vou falar sobre os cuidados com os quadris do recém-nascido e diagnóstico precoce da luxação congênita, assunto muito importante na ortopedia pediátrica.

Por quê?

  Os quadris são articulações nobres dos membros inferiores. Quando mal formados, seja por instabilidade (quadril sai e volta para sua posição normal) ou por luxação congênita (nasce fora da posição), pode levar a graves sequelas na marcha.

  Essa patologia é silenciosa, não dói, sendo impossível a percepção pelos pais de que algo está errado, porque os sinais são muito sutis. O termo médico usado para denominar as alterações do quadril do recém-nascido é displasia do desenvolvimento do quadril.

Como posso saber se meu bebê nasceu com os quadris normais?

  Só o médico pode dizer isso. A avaliação é tão importante que já começa na sala de parto com exame físico feito pelo pediatra.

  No mundo todo existem protocolos para diagnóstico precoce, alguns incluindo exames de imagem para toda criança recém-nascida, o que parece ser um excesso para a grande maioria dos estudiosos no assunto, uma vez que o mais aceito atualmente para o diagnóstico é o exame físico adequado realizado por profissional treinado em identificar as anormalidades.

  Infelizmente, nem todos os profissionais que lidam com o recém-nascido tem este preparo e vejo muita confusão nas avaliações iniciais. Não podemos, por exemplo, admitir orientações do tipo: “usar dupla fralda para proteger os quadris” quando há suspeita. Isto não existe!

O diagnóstico precoce é a chave do sucesso do tratamento!

Se o problema não for tratado precocemente, quais serão as consequências?

 - Perda progressiva dos movimentos (criança abre menos a perna na troca de fraldas);

 - Encurtamento da perna;

 - Começar a marcha mancando;

 Obs: Dor só aparece tardiamente, portanto não devemos esperar surgir dor para procurar auxílio.


LUXAÇÃO CONGÊNITA DOS QUADRIS

  Luxação congênita dos quadris não tem sintomas na fase inicial, portanto só é descoberta se for adequadamente procurada.

  Quando o exame físico revela alguma anormalidade (estalidos), a criança, ao sair da maternidade deve ser encaminhada para avaliação do especialista para confirmar ou afastar o diagnóstico.

 Fatores de risco para a luxação:

 - Criança em apresentação pélvica;

 - Primeira gravidez;

 - Criança do sexo feminino

 - História familiar positiva;


Como posso suspeitar?

  Não é fácil para os pais, porém posso dar algumas dicas: observar as dobrinhas das coxas, perto da virilha, onde o normal é serem iguais em ambos os lados, a presença de dobrinha a mais de um lado deve alertar para algum problema.

  Outro dado é ao trocarem as fraldas, quadris que estalam devem sempre ser avaliados. Após o segundo mês de vida, o que vai chamar atenção é a dificuldade em abrir o quadril no lado afetado.



 Como e quando devo tratar?

  Os melhores resultados são obtidos quando o tratamento é iniciado nos primeiros 6 meses de vida. Nesta fase, geralmente, o quadril é posicionado adequadamente com manobras clinicas simples e mantidos com uso de aparelhos com tiras que permitem movimentos dentro de uma posição de segurança, até a sua completa estabilidade, como o da foto acima.

  Dos 6 meses aos 18 meses, o quadril só poderá ser posicionado com a criança anestesiada e no centro cirúrgico, com manobras clínicas, geralmente não sendo necessário cirurgia e a posição mantida com aparelho gessado por tempo prolongado.

  Após 18 meses, o quadril só poderá ser posicionado com cirurgia considerada de grande porte, sendo a posição obtida mantida com aparelho gessado. 

Conclusão:

  Mães e pais que notarem, ao trocar fraldas de seus recém-nascidos, estalos nos quadris, procurem avaliação o quanto antes. Podemos estar diante de uma luxação congênita dos quadris, e quanto mais cedo iniciarmos o tratamento melhores serão os resultados.

Um abraço a todos,
 Dr. Maurício Rangel.