Criança e Saúde

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sábado, 25 de agosto de 2012

A criança hemiplégica e o tratamento ortopédico






Hemiplegia espástica é o tipo mais comum de paralisia cerebral.

Caracteriza-se por uma sequela motora, de origem neurológica, em um lado do corpo, acometendo membro superior e inferior, em crianças com grande nível de atividade física.

A maioria das crianças hemiplégicas conseguem caminhar de forma independente e sem atrasos.

A forma mais comum de apresentação é observado quando iniciam a marcha, com uma postura fletida do membro superior, ou seja, não esticam o cotovelo completamente e nem o punho, além de caminharem com a ponta do pé, no lado acometido.

É comum apresentarem marcha com o pé, do lado acometido, virado para dentro, dificultando o passo, causando desequilíbrio, quedas e mancar com frequência.



Existem várias preocupações com as crianças hemiplégicas:





- Preocupação com a aceitação e convívio social;

- Baixa auto-estima;

- Aspecto estético da marcha;

- Melhoria funcional para as atividades diárias e esportivas.



Os tipos de hemiplegia em crianças:






- Existem crianças em que só o pé apresenta deformidade, sendo o encurtamento da panturrilha e marcha na ponta do pé, o mais comum.


- Outras apresentam, além do comprometimento do pé, o acometimento do joelho que pode apresentar dificuldade em extensão completa, conhecido com joelho flexo ou dificuldade na flexão completa, conhecido como joelho rígido.


- Temos ainda aquelas crianças em que, além do pé e joelho, apresentam também o comprometimento do quadril, com dificuldade em extensão completa para ficar em pé e dificuldade no movimento de abertura da articulação, quando comparado com o lado normal.


O tratamento ortopédico:





O tratamento ortopédico é longo e tem por objetivos a correção das deformidades e posturas inadequadas, visando melhoria funcional da criança e independência para as atividades, tanto no membro superior quanto no inferior.


O arsenal de tratamento é amplo e deve ser iniciado precocemente.


Nas crianças de baixa idade, os métodos de tratamento iniciais incluem aplicação de botox nos músculos espásticos, uso de órtese adequada e fisioterapia motora.


Com o avançar da idade, as deformidades vão se tornando fixas, não respondendo as medidas de tratamento conservador e, nestes casos, as indicações de cirurgia ortopédica corretiva serão necessárias.



Os tipos de cirurgia existentes:


- Alongamentos tendinosos;

- Transferências tendinosas;

- Correções ósseas com as osteotomias.






Frequentemente associamos várias técnicas no mesmo ato operatório onde, de rotina, promovemos a correção de todas as articulações no segmento acometido, na mesma cirurgia.


São as cirurgias conhecidas como em múltiplos níveis.



Os benefícios da cirurgia em múltiplos níveis no mesmo ato:






Permitem a correção de todo o segmento acometido, ou seja, quadril, joelho e pé são corrigidos de imediato e como um todo;


Com isso, a recuperação pós-operatória é feita de uma vez só, evitando as cirurgias em estágios separados, que obrigaria a criança a ter várias internações, anestesias e cirurgias;


Facilita o trabalho de reabilitação fisioterápica pois, todo o segmento operado estará bem alinhado e apto para ser reabilitado, oferecendo com isso grandes benefícios motores.



Como saber o tipo de tratamento adequado para cada criança?


Através de um cuidadoso exame físico ortopédico, realizado em todas as articulações envolvidas, podemos fazer as conclusões necessárias para a boa indicação.


Muitas vezes, nem sempre a deformidade óbvia e visível pela família é a única existente e, cabe ao médico assistente, diagnosticar as deformidades asssociadas e definir a necessidade ou não de tratamento, permitindo assim a completa correção do segmento.



Mensagem aos pais:




A hemiplegia em crianças é a forma mais comum de paralisia cerebral.


O tratamento deve ser iniciado precocemente e com abordagem de múltiplos profissionais.


Fisioterapia motora, uso de órteses adequadas e terapia regular com aplicação de botox é a primeira linha no tratamento em crianças de baixa idade.

Cirurgias ortopédicas oferecem a correção definitiva para o problema, sempre com o objetivo de tornar o lado acometido o mais simétrico possível com o lado normal.

Conseguimos bons resultados com uma marcha bastante funcional para as crianças se tornarem independentes, inclusive para a prática esportiva.

Um abraço a todos

Dr. Mauricio Rangel
Tel. 3264-2232/ 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br

sábado, 18 de agosto de 2012

Dor na frente dos joelhos em crianças e adolescentes







O joelho é um local frequente de dor em pré-adolescentes e adolescentes.

A região da frente dos joelhos é aquela formada pela articulação da patela com o femur, chamada femoro-patelar e suas inserções músculo-tendinosas relacionadas.




Na região superior da patela, se insere o tendão do músculo quadríceps (músculo da coxa).

Na região inferior, se insere o tendão patelar.

A extremidade inferior do tendão patelar se insere na frente da tíbia, logo abaixo do joelho.

Para o bom funcionamento do joelho, nas atividades diárias e esportivas, é preciso que todas essas estruturas funcionem em harmonia.

Existem várias patologias responsáveis por dor nessa região.

Desequilíbrios musculares nessa região, vão originar articulações dolorosas.

Uma cuidadosa avaliação das queixas apresentadas, associado a um detalhado exame físico articular e solicitação de exames de imagem adequados são necessários para um bom diagnóstico.

Devo ressaltar também que, em crianças e adolescentes, algumas queixas dolorosas nos joelhos são, na verdade, dores referidas de outro local, sendo o quadril um comum local de patologia.

Obrigatoriamente devemos incluir o exame físico dos quadris quando diante de jovens pacientes com dor no joelho.

Queixas dolorosas nos joelhos são comuns, principalmente em crianças e adolescentes que participam de esportes organizados e competitivos.




A busca por melhor performance do jovem atleta, exigido em cada modalidade esportiva, faz com que exageros na carga de treinos sejam um dos fatores de origem das dores articulares.

O treinamento excessivo é a principal causa de dor no jovem atleta.

É importante ressaltar que o aparelho músculo-esquelético do adolescente, não está completamente pronto para a excessiva demanda de treino imposta.

Sobrecarga de treino e competição sem o adequado tempo de repouso, para a  recuperação articular, vai favorecer o surgimento de lesões.

É importante conscientizar treinadores e pais sobre os limites impostos pelo organismo dos jovens atletas, sem submete-los a esforço acima do tolerado, pois assim, estaremos promovendo a saúde do jovem.




Jovens atletas que apresentam dores articulares de repetição, sem nenhum motivo anatômico para isso, sem traumatismo articular que justifique as queixas, são aqueles em que devemos ficar atentos quanto a sobrecarga de treinamento.

Uma vez identificado o problema, devemos tomar atitudes como:

- Controle da dor;

- Reabilitação articular progressiva;

- Modificação do treinamento;

- Manutenção com medidas fisioterápicas preventivas de novas lesões.


As principais causas de dor:





Osteocondrites / Osteocondroses:

São patologias inflamatórias que ocorrem nos locais onde os tendões se unem aos ossos.

Como citado, o tendão patelar, se insere na região inferior da patela e na região superior da tíbia, logo abaixo do joelho.

A dor na região de inserção no osso surge devido a sobrecarga mecânica, gerando avulsões parciais na região tendão-osso, seguido pela cicatrização óssea com formação de caroço doloroso local.

É uma queixa comum de pré-adolescentes ou adolescentes terem dor, logo abaixo do joelho, com aumento de volume local doloroso a palpação.

Pode ocorrer em um ou ambos os joelhos, é agravado por atividades físicas principalmente as que envolvem ajoelhar-se e pulos repetitivos.

No exame físico, haverá aumento de volume local doloroso e o exame de imagem é fundamental para afastar outras patologias principalmente tumorais e infecciosas.

O tratamento é conservador com analgesia, medidas fisioterápicas e afastamento temporário das atividades físicas.

Não deve ser feito infiltração local com corticóide.

Tratamento cirúrgico raramente é necessário.



Patela Bipartida:

É uma patologia congênita, em que a há uma separação da patela em dois fragmentos.

O local mais frequente da patologia fica na região supero-lateral na patela.

É mais comum em meninos e frequentemente bilateral.

Pode ser assintomático, encontrado ao acaso, em uma radiografia do joelho, em pacientes sem dor patelar.

Quando surgem sintomas, geralmente aparecem após trauma agudo ou após esforço físico esportivo repetitivo.

O tratamento inicial é conservador visando medidas analgésicas, podendo ou não ser imobilizado o joelho. 

O tratamento cirúrgico só deve ser considerado em casos refratários.



Instabilidade femoro-patelar:


Situação em que a patela apresenta lateralização anormal durante os movimentos de flexão e extensão do joelho.




Quadros dolorosos intermitentes, alguns episódios de falseio articular, sensação de que o joelho fica fraco, são relatados.

É comum também, queixas de dor nos joelhos com subir e descer escadas ou quando ficam muito tempo sentados com os joelhos fletidos.

Alguns pacientes relatam passado de luxação traumática da patela, evoluindo para instabilidade.

O exame físico geralmente revela arco de movimento completo do joelho, lateralização da patela, manobra de apreesão positiva, atrofia muscular do quadríceps.

Geno valgo, deformidades rotacional externa da perna e frouxidão ligamentar são fatores facilitadores para a patologia.

Exames de imagem devem ser realizados para a classificação da instabilidade.

O tratamento deve ser individualizado para cada tipo de instabilidade, podendo ser conservador ou cirúrgico.

Existem diversas técnicas operatórias para a resolução das queixas.






Conclusões:


Dor na frente dos joelhos é uma queixa frequente de adolescentes esportistas.

A intensidade dos treinamentos deve ser adequada e sem sobrecarga ao aparelho esquelético do jovem.

Atitudes preventivas de lesões como manutenção da boa flexibilidade muscular com incentivo ao programa de alongamentos e amplitude de mobilidade articular são importantes e devem ser incentivados.




Alimentação adequada, repouso necessário regenerativo, também é fundamental.

O tratamento é multidisciplinar com uma boa interação entre o médico, fisioterapeuta, treinador e familiares.


Um abraço a todos

Dr. Maurício Rangel
Tel. 3264-2232/ 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br