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sábado, 11 de agosto de 2012

Adolescentes com a coluna torta: Evitando surpresas.




O programa de triagem




Chamamos de escoliose, o desvio lateral da coluna vertebral com componente rotacional do corpo vertebral.


Por definição, esse desvio lateral deve ter o valor mínimo de 10 graus, quando medidos no exame de imagem.

Quando estamos diante de um pré-adolescente ou adolescente com a coluna torta é importante saber se o problema é primário da coluna ou é secundário a, por exemplo, desigualdade no comprimento das pernas.


A maioria das escolioses não tem causa definida ou identificada. Por isso, tem denominação de escoliose idiopática.


As escolioses do adolescente são aquelas que surgem a partir dos 11 anos de idade.


São mais comuns em meninas onde, toda atenção deve ser voltada para o diagnóstico precoce.


Nas fases iniciais da patologia, a deformidade é leve , muitas vezes, passando despercebido pelos familiares e profissionais que lidam com a criança.


Tem grande piora, nas fases do estirão do crescimento da puberdade que, nas meninas, é marcado pela primeira menstruação e nos meninos, ocorre entre as idades de 13-14 anos.


Muitas famílias, são surpreendidas com o diagnóstico da escoliose em seus filhos, quando as deformidades já estão severas, dificultando o tratamento conservador ou já tendo indicação cirúrgica imediata.


O diagnóstico precoce é fundamental para evitar essa surpresa e, para isso, foi desenvolvido o programa de triagem.



A preocupação médica:





A cada ano, milhares de cirurgias são realizadas, no mundo, para correção de escoliose do adolescente, em pacientes com idades entre 10 a 18 anos.

A escoliose é uma patologia complexa, com impacto negativo na saúde física, psicológica e no convívio social dos indivíduos afetados.

Prevenção de escoliose severa é o principal compromisso do ortopedista que lida com a patologia.


Em 1984, programas de triagem escolar foram desenvolvidos com o objetivo de detecção precoce da deformidade, em crianças, nas idades de risco, onde a escoliose ainda era leve e não percebida pela familia.


Os princípios do programa:


A triagem foi desenvolvida assumindo que a detecção precoce, em baixa idade e com menor deformidade, permite o início precoce do tratamento, oferecendo uma grande oportinudade em impedir a piora da deformidade, inclusive, evitando a evolução para correção cirúrgica.


A idéia inicial:


O objetivo inicial era o de atingir o maior número de crianças , com um programa de avaliação em massa da população de risco para a patologia.

Seria realizado na rede de ensino pública e privada, permitindo inclusive a oportunidade de exame físico da coluna, a uma parcela da população com pouco acesso ao sistema de saúde.

A realização é bem simples, com exame físico da coluna, observando assimetria na altura dos ombros ou cintura e solicitando à criança inclinar o tronco para frente, a procura de gibosidades ou formação de corcova ou caroço nas costas.




Aquelas crianças com exame físico anormal seriam encaminhadas para o especialista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento, quando indicado.


Os benefícios da triagem:


- Diagnóstico precoce;

- Inicio precoce do tratamento;

- Prevenção da progressão da escoliose;

- Reconhecimento precoce das curvas que exigem cirurgia.



O tratamento conservador:





O colete é o mais eficaz método de tratamento não operatório para a escoliose.


É eficaz em diminuir a progressão da curva além de impedir a evolução para indicação de cirurgia.


Permite controlar a progressao da escoliose, fazendo com que o indivíduo complete o crescimento com curvas abaixo dos valores de indicação cirúrgica.


O colete deve ser indicado precocemente, na dependência do tamanho da curva pois, sua indicação, está diretamente relacionado ao esqueleto em crescimento.


Sabemos que, mesmo com o tratamento iniciado em idades precoces e com o colete adequado, 20 a 25% dos pacientes necessitarão de cirurgia como tratamento definitivo


Mesmo nesses casos, o colete permite a curva chegar nas indicações cirúrgicas em melhores condições de flexibilidade, facilitando assim a correção.



Quando devemos fazer a triagem da coluna das crianças?






Nos momentos de estirão do crescimento da adolescência, as curvas tendem a piora.


A recomendação é para meninas serem submetidas a exame físico da sua coluna nas idades de 10 e 12 anos.


Para os meninos, a recomendação é para exame físico, uma vez, entre as idades de 13-14 anos.


Uma vez identificado exame físico anormal, essas crianças devem ser encaminhadas para o ortopedista pediátrico para avaliação e tratamento.



Conclusões:



Infelizmente, os programas de triagem de escoliose, não são realizados universalmente. 


Argumentos de que levariam a um excesso de encaminhamentos, para especialista ,de casos que, não precisavam de tratamento, além de alegações de que elevam os custos da assistência à saúde, fizeram com que o programa fosse descontinuado em muitos países.


Essa medida fez com que se elevassem os números de pacientes com diagnóstico já em fases avançadas de deformidade onde, o único recurso terapêutico, era a cirurgia.


Tratam-se de cirurgias de grande porte e com potenciais riscos ,em pacientes que, não tiveram a oportunidade de diagnósico precoce e tratamento conservador, simplesmete porque, não foram submetidos ao cuidadoso exame fisico da coluna em idade adequada.


Com as melhorias na interpretacão do exame físico, pelo profissional e, com a solicitação de exame de imagem somente nos casos com exame físico anormal, provou-se a eficácia do método e hoje estamos diante de evidências que estimulam a prática da triagem de escoliose.





Minha opinião é de que, sejam tomados os cuidados necessários para garantir o bom alinhamento da coluna, nas idades de risco para escoliose e sou adepto do programa de triagem.


Sou favorável ao exame físico de triagem de todas as crianças nas idades recomendadas e faço de rotina, em meus pacientes, a avaliação física do alinhamento da coluna vertebral.


Fiquem atentos a coluna de seus filhos!


Um abraço a todos

Dr. Mauricio Rangel
Tel. 3264-2232/ 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br





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