Criança e Saúde

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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O quadril luxado e doloroso na criança cadeirante:



 Este é um problema frequentemente encontrado em crianças e adolescentes cadeirantes, portadores de paralisia cerebral espástica com envolvimento corporal completo (tetraparéticos).


Causa diversos problemas para esses pacientes, como:

- Dor com diminuição do tempo de tolerância sentado na cadeira de rodas.

- Dor com as manobras de abertura dos quadris para higiene do períneo e troca de fralda.

- Desnível da bacia (obliquidade pelvica).

- Encurtamento do membro inferior.

- Posicionamento vicioso e deformado do membro inferior do lado luxado que, tende a se manter cruzado sobre o outro membro.

- Grande prejuízo a qualidade de vida da criança ou do adolescente.


A história natural da luxação não tratada na paralisia cerebral:


Observem o quadril esquerdo deslocado com deformidade da cabeça femoral e o desnível da bacia.

A luxação não tratada leva a deformidade na cabeça femoral com alterações degenerativas graves que impossibilitam a cirurgia reconstrutiva.

Este é um problema desafiador e de difícil solução porém, é possivel oferecer melhoria para casos como este.

O objetivo do tratamento cirúrgico é o de aliviar a dor, alinhar o membro inferior, permitir melhoria na tolerância sentado na cadeira de rodas com correção da deformidade no membro inferior e, com isso, melhorar a qualidade de vida da criança.

Não há uma cirurgia universal para o tratamento.

Existem diversas opções, cada uma com prós e contras que devem ser levados em consideração no momento da escolha, na dependência de cada caso.

São as conhecidas cirurgias de salvamento do quadril na paralisia cerebral.

Uma das técnicas amplamente utilizadas para o tratamento é conhecido como osteotomia femoral valgizante e derrotatória com preservação da cabeça femoral.





É feito uma osteotomia (corte no osso da coxa -femur- próximo do quadril), permitindo a correção da deformidade e o alinhamento do membro inferior e fixado com placa modelada para a correção e parafusos.

Assim conseguimos correção da deformidade do membro inferior, alívio do impacto doloroso da cabeça femoral, correção do desnível da bacia, melhorando a qualidade de vida da criança cadeirante.


Pré-operatório

Pós-operatório: Alinhamento do membro, pelve corrigida


O procedimento tem sua indicação para casos de luxação dolorosa do quadril inveterada e não tratada, onde já existe deformidade na cabeça femoral, que impede sua reconstrução, nas crianças cadeirantes com paralisia cerebral.



Oferece resultados recompensadores para o paciente, facilita os cuidadores e familia no dia a dia com a criança, melhorando também a qualidade de vida do paciente.


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. consultório para agendar horário:  (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Conhecendo as complicações ortopédicas da catapora.




catapora ou varicela é uma infecção viral comum da infância, causado pelo vírus Varicela Zoster.


A doença tem evolução aguda e, na maioria das vezes, curso benigno.

Cursa com surgimento de lesões na pele maculopapulares, ou seja, lesões avermelhadas, com muita coceira, que dão origem a pequenas bolhas e, posteriormente, surgem crostas "casquinhas".




A distribuição das lesões é predominantemente na na face e tronco.

A criança apresenta febre, abatimento, perda de apetite.

A doença é benigna e autolimitada porém, podem surgir complicações sendo responsáveis por internação hospitalar para tratamento.

As princiipais complicações são gastroenterite com desidratação, pneumonia e meningoencefalite.




Aproximadamente 6% das complicações na catapora, são relacionadas ao sistema musculoesquelético, devido a infecção bacteriana secundária nas lesões cutâneas.

Podem surgir:

- Infecção bacteriana secundária na pele e tecido subcutâneo, sem formação de coleção purulenta, conhecido como celulite.

- Formação de coleção purulenta no tecido abaixo da pele, conhecido como abscesso.

- Infecção bacteriana muscular com formação de abscesso, chamado de piomiosite.

- Infecção bacteriana articular, chamado de artrite séptica.

- Infecção ósssea denominada de osteomielite.

O diagnóstico precoce das complicações musculoesqueléticas na catapora, permite o pronto tratamento evitando o surgimento de sequelas tardias.


Como reconhecer uma complicação musculoesquelética?




O principal quadro apresentado pelas crianças vem a ser o surgimento de dor no membro acometido com inchaço (edema), impossibilidade de apoiar o membro inferior no chão para a marcha e febre.

Investigação laboratorial e de imagem quanto a possibilidade de infecção bacteriana secundária deve ser realizada.

Devemos chamar a atenção para a importância da elevação das células de defesa do organismo e dos marcadores de inflamação na avaliação laboratoiral.

Exames de imagem como ultrassonografia musculoesquelética, tem fundamental importância para localização de coleções purulentas no tecido subcutâneo, muscular ou articular que, quando presentes, exigem pronta drenagem cirúrgica.




Estudos revelam qua a maioria das complicações esqueléticas na catapora são as infecções de tecidos profundos nos membros sendo os abscessos e a piomiosite os principais diagnósticos.

Uma vez identificado o problema, o tratamento imediato multidisciplinar deve ser realizado (ortopedista para a drenagem cirúrgica da coleção purulente infecciosa, infectologista e pediatra para a terapia antibiótica recomendada).


Conclusões:




É importante suspeitar de complicações esqueléticas em toda criança com varicela (catapora), que não quer andar, com dor articular, febre e que apresenta exames laboratorias sugestivos de infecção bacteriana secundária.

O tratamento imediato é importante para evitar sequelas tardias.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. consultório: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Crianças com mão torta radial. Como tratar?




O antebraço é formado por dois ossos chamados de rádio (osso do antebraço localizado na mesma direção do polegar) e ulna (osso do antebraço localizado na mesma direção do quinto dedo).


O formato dos ossos permite que o punho e a mão fiquem posicionados de forma retilínea.


O que é a mão torta radial?

Trata-se de uma deformidade congênita chamada de defeito longitudinal do rádio, em que há uma diminuição do tamanho do osso podendo ocorrer, até mesmo, a ausência parcial  ou completa do rádio.

Isto confere um aspecto clínico característico da mão e punho de variados graus, como o exemplo ilustrado abaixo.




Clinicamente observamos, já ao nascimento da criança, um desvio radial da mão associado a proeminência da ulna e polegar hipoplásico ou ausente.




Os músculos da região tenar da mão são hipoplásicos e o polegar pode ser rudimentar e com diminuição dos movimentos.

Corresponde a 4 a 5% das malformações do membro superior das crianças.

A causa é desconhecida.

50% dos casos são bilaterais

Quando unilateral, o lado direito é o mais acometido.

Existe associação com outras malformações congênitas que podem ser vertebrais, cardíacas, renais e até mesmo distúrbios sanguíneos ( anemia ou distúrbios da coagulação com diminuição do número plaquetas).


Existem 4 tipos de mão torta radial:

 O tipo 1:

O rádio é curto na extremidade distal (próximo ao punho) - O desvio da mão é leve e o polegar é hipoplásico.

O tipo 2:

O rádio é hipoplasico - A velocidade de crescimento longitudinal do rádio é menor.

O tipo 3:

Ausência parcial do rádio, geralmente na sua extremidade distal.

O tipo 4:

Ausência completa do rádio. Existem um grande desvio do posicionamento da mão. Este é o tipo mais comum.




O tratamento:

Existem diversas possibilidades, dependendo do tipo de deformidade e da fução do polegar.

O tipo 1 geralmente exige uso de órtese para posicionamento do punho e mão, sendo os procedimentos cirúrgicos direcionados para a melhora funcional do polegar, quando há hipoplasia com diminuição da função ou, até mesmo quando há ausência do polegar, onde os procedimentos cirúrgicos visam a transferência de um dos dedos para o lugar do polegar (policização)




Os tipos 3 e 4 são os que exigem cirurgia para a correção da deformidade.

Nestes tipos, o tratamento geralmente inicia com manipulações seguidas de imobilizações gessadas visando o alongamento de partes moles encurtadas, seguido do uso de órtese para manter as partes moles bem alongadas, permitindo a realização da correção cirúrgica no momento adequado.

O principal procedimento cirúrgico recomendado é a centralização da ulna (trata-se de um procedimento cirúrgico de grande porte que visa melhora da aparência, função, mantendo o crescimento do antebraço).


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Consultório: Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.