Criança e Saúde

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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Os pés da criança com paralisia cerebral



A deformidade dos pés da criança com paralisia cerebral é muito comum.

As mais frequentes são conhecidas como pé equino e suas variantes, ou seja, o pé equinovaro e equinovalgo.

Definindo os tipos de deformidade dos pés:

Pé equino

Chamamos de pé equino aquele em que a criança só apoia a ponta dos dedos no chão, quando colocada em pé.

O pé é chamado de equinovaro, quando encosta a ponta dos dedos e a borda lateral no solo, quando a criança é colocada em pé.

Pé equinovaro

O pé equinovalgo é aquele em que a criança ao ser colocada em pé, encosta a ponta dos dedos e a borda interna do pé no solo.

Pé equinovalgo

As crianças hemiplégicas, ou seja que tem espasticidade (aumento do tônus muscular em apenas um lado do corpo) e as tetraplégicas (aumento do tônus muscular acometendo o corpo todo), geralmente, apresentam os pés com deformidade em equinovaro.

Aquelas crianças diplégicas (aumento do tônus muscular principalmente nos membros inferiores), geralmente, apresentam os pés com deformidade em equinovalgo.

As deformidades podem ser classificadas em fixas e irredutíveis quando, ao manusearmos os pés, durante o exame físico ortopédico, percebemos que a deformidade não consegue ser corrigida pela simples manipulação do pé.

Podem também ser dinâmicas, ou seja, manifestarem-se principalmente quando a criança esta caminhando, sendo corrigida parcial ou completamente quando manipulamos o pé, no exame físico ortopédico.

Por que os pé deformam?

Devido ao desequilibrio muscular entre os músculos acometidos pela espasticidade (hipertônicos), predominando sobre os músculos não acometidos.

Nas crianças com paralisia cerebral, que tem capacidade de caminhar, um o outro mecanismo responsável pelo surgimento da deformidade, vem a ser a contração involuntária de determinados músculos do pé e tornozelo, fora dos momentos fisiológicos que deveriam ocorrer, durante as fases da marcha, gerando as deformidades dinâmicas do pé, só observadas durante a marcha da criança.

Quais os prejuizos que as deformidades propiciam para a criança?

São inúmeros e ocorrem mesmo naquelas crianças que não tem capacidade de marcha independente.

Neste grupo de crianças, com envolvimento completo do corpo pela espasticidade, uma etapa importante do tratamento vem a ser o que chamamos de ortostatismo terapêutico ou seja, proporcionar para a criança os benefícios de ser colocada na postura de pé e ereta, com uso de órteses e extensores de joelhos. Para isso ocorrer, é fundamental ter as deformidades dos pés corrigidas.

Ortostatismo terapêutico


Além disso, ter os pés bem alinhados e sem deformidades permitem o uso de calçados adequados, retirando os estigmas que a deformidade, não tratada, produz.

Nas crianças que caminham , seja com auxílio de órteses/ muletas ou andadores, os benefícios da correção das deformidades dos pés vem a ser proporcionar aumento nas distâncias percorridas, acabar com calosidades dolorosas nos pés, permitir que as órteses sejam usadas com conforto , diminuir o gasto de energia para longas caminhadas, melhorar o equilibrio para caminhar e diminuir as quedas.

Existem diversas técnicas operatórias para a correção dos pés nas crianças com paralisia cerebral.

Alongamentos tendinosos, transferências tendinosas, osteotomias, artrorrises, artrodeses estão entre as principais utilizadas.

Cada uma tem suas indicações definidas pelo tipo de deformidade encontrada no pé da criança no exame físico e de imagem, na consulta órtopédica.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Agendamento de consultas pelo tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A criança com baixa estatura


 Existem diversas causas para baixa estatura nas crianças, algumas com características físicas bem definidas com as acondroplásicas (anãs) e as pseudoacondroplásicas porém, nem sempre é fácil definir a causa da baixa estatura.

As crianças portadoras de síndromes cromossômicas como a síndrome de Turner, as portadoras de displasias ósseas como a displasia espondiloepifisária ou nanismo diastrófico, constituem alguns exemplos onde existe maior dificuldade para definir o diagnóstico.

A baixa estatura pode ser distribuída de forma proporcional no corpo ou desproporcional, onde o encurtamento predomina no tronco com membros normais ou, o contrário, tronco normal com membros curtos.

O profissional que primeiro suspeita da baixa estatura é o pediatra, através do gráfico de crescimento traçado nas consultas de rotina da criança.

Algumas vezes, para determinar a causa da baixa estatura, uma abordagem multidisciplinar é necessário e avaliação com geneticista, endocrinologista e ortopedista pediátrico, precisa ser solicitado.



Do ponto de vista ortopédico, com frequência nos vemos diante de uma criança com dificuldade de ganho de estatura e com deformidades acentuadas nos membros inferiores, seja em geno varo (pernas arqueadas) ou geno valgo (joelhos em tesourinha), cuja causa precisa ser definida.

Neste cenário, precisamos sempre ter em mente a possibilidade de raquitismo.

O que é o raquitismo?

Trata-se de uma patologia do metabolismo ósseo, caracterizada por diminuição da mineralização do osso em crescimento. Para que o osso da criança tenha sua rigidez e alinhamento normal é preciso que receba a deposição normal de cálcio e fosforo (fosfato de cálcio).

Por que ocorre o raquitismo?

Ao contrário do que muitos pensam, não existe apenas o raquitismo carencial, por deficiência na ingestão de cálcio aliás, essa forma é pouco frequente no nosso meio pois, o leite materno. bem como os alimentos industrializados já são enriquecidos com quantidades suficientes de cálcio e vitamina D para a saúde do esqueleto da criança.

Além disso, o estímulo para a exposição à luz solar permite a conversão das formas inativas da vitamina D, existentes na pele, em formas ativas, que permitem a absorção intestinal do cálcio dos alimentos.

Se a forma carencial é pouco frequente, porque o raquitismo ainda existe?

O que muitos não sabem é que o raquitismo pode ocorrer por perda excessiva urinária de fosfato e, com isso, interfere no metabolismo normal do cálcio e fósforo do organismo da criança.

Nesta forma, o orgão responsável pela doença é o rim que permite a excreção excessiva de fosfato pela urina, prejudicando o depósito deste mineral no osso e com isso, a doença se desenvolve. Esta forma é conhecida como raquitismo hipofosfatêmico ou resistente a vitamina D.



Como suspeitar?

Baixa estatura desproprocional, o tronco é pequeno e os membros são deformados grosseiramente. Os exames de laboratório e de imagem revelam alterações características da patologia.

O tratamento inicial é medicamentoso sob supervisão do pediatra e do nefrologista.

O tratamento promove a reversão das alterações agudas da doença, melhora nos exames laboratorias porém, a correção das deformidades pode não ocorrer completamente.


As deformidades que não corrigem ou aquelas que progridem, apesar do tratamento medicamentoso adequado, exigirão tratamento ortopédico.

As técnicas cirúrgicas mais utilizadas são as epifisiodeses e as osteotomias de correção imediata ou progressiva, na dependência da idade da criança e do grau de deformidade.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos

Dr. Maurício Rangel

Para agendar consulta o tel é (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.



segunda-feira, 9 de junho de 2014

Conheça o quadril na Síndrome de Down



O que é o quadril?

É uma articulação, do membro inferior, formada pelos componentes anatômicos da cabeça e colo femoral e acetábulo.

A cabeça femoral normal é esferica (redonda) e articula-se com o acetábulo.

O acetábulo é a parte de cima da articulação, cobrindo praticamente toda a cabeça femoral e, por isso, é considerado o "teto" da articulação.

Apenas 10 a 15% da cabeça femoral fica fora da cobertura acetabular, sendo considerado normal e fisiológico.

A cabeça e colo femoral formam um ângulo chamado cervicodiafisário, cujo valor normal é determinado apenas, através de exame de imagem.

Chamamos de coxa valga, o aumento patológico deste ângulo.



Tendo este conhecimento preliminar, podemos agora, definir para o leitor a nomenclatura atual e moderna para a patologia do quadril nas crianças com síndrome de down.

Chamamos de displasia do quadril, a patologia em que existe qualquer anormalidade nos componentes anatômicos do quadril, citados acima.

Portanto, qualquer anormalidade no formato da cabeça femoral, formato do acetábulo, ângulo do colo femoral (coxa valga) e ausência ou diminuição da cobertura da cabeça femoral, determinarão o diagnóstico de displasia do quadril.

A nomenclatura antiga, conhecida pela maioria dos leitores como luxação congênita do quadril, luxação adquirida do quadril, subluxação do quadril, quadril instável ou luxável, foi substituida por um termo universal conhecido como displasia do desenvolvimento do quadril.


Por que a nomenclatura mudou?

Por dois motivos principais, o primeiro seria o de facilitar a comunicação entre os profissionais de saúde, evitando equívocos de interpretação pois, as denominações antigas, na verdade representam estágios completamente diferentes da patologia do quadril ou seja, quando alguém se referia com o termo luxação congênita do quadril, quem ouvia não sabia se estavam falando sobre um quadril com ausência completa ou parcial da cobertura da cabeça femoral, se existia ou não coxa valga e se o quadril era instável ou não e, se o acetábulo (teto da articulação) estava bem formado ou não.



Portanto, as denominação antigas não permitiam aos interlocutores, falarem a mesma língua, impedindo as conclusões necessárias quanto as formas de tratamento.

A outra questão, que levou a modificação da nomenclatura, esta relacionada a questões médico legais pois, sabemos hoje, que as alterações do quadril da criança, podem ocorrer em qualquer momento do desenvolvimento e crescimento, não sendo exclusivamente congênitas

Então, quadris que nasceram com a anatomia e estabilidade normais, podem desenvolver a displasia, com o crescimento e desenvolvimento da criança.

Com isso, a nomenclatura passa a ser universal e, quando nos referimos ao quadril displasico ou displasia do desenvolvimento do quadril, todos os ouvintes entenderão a mesma coisa, ou seja, trata-se de uma anormalidade anatômica do quadril, seja no componente femoral (cabeça ou colo) ou no componente acetabular, com ou sem instabilidade articular.




Na síndrome de down, os fatores que favorecem a displasia do quadril são a hipotonia (fraqueza dos músculos), frouxidão ligamentar exagerada e patológica além das alterações ósseas do desenvolvimento.

A displasia do quadril pode ser uma patologia silenciosa, sem nenhum sintoma, no início da vida, só sendo descoberto se procurada pelo médico, nas consultas ortopédicas de rotina, com manobras de exame físico ortopédico e/ou através  de imagem. Por isso, é recomendado, de rotina, a avaliação dos quadris na criança com síndrome de down.

Quando surgem sintomas, o mais frequente é a criança apresentar claudicação (mancar), sensação de falseio, quedas frequentes e, em estágios mais tardios, dor articular, encurtamento do membro inferior e limitação na mobilidade.

Não existe um tratamento único para a displasia do quadril na Síndrome de Down, ou seja, não existe uma "receita de bolo".

O tratamento é sempre individualizado para cada caso e visa corrigir todos os componentes que participam das anormalidades anatômicas.




O conhecimento científico atual:

O quadril displásico na síndrome de down, com ou sem franca instabilidade, precisa de correção ciúrgica para obter o resultado satisfatório.

Que resultado é esse?

Promover a estabilidade articular, restabelecer a anatomia, acabar com as queixas apresentadas e restabelecer a congruência articular, garantindo função normal ao longo da vida.

As alterações ósseas femorais e acetabulares são corrigidas com osteotomias e a frouxidão ligamentar exagerada e patológica, com a capsuloplastia.

A definição do procedimento esta bem estabelecida na literatura talvez, o mais dificil, é a determinação do melhor momento para a realização da cirurgia.

Sabemos também que o tratamento com órteses não oferecem resultados satisfatórios no quesito de establidade articular e nem na promoção das correções das anormalidades ósseas femorais ou acetabulares.

Os quadris displásicos, na síndrome de down, exigirão correção cirúrgica, em algum momento da vida do jovem paciente.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel

Para marcar cosnulta o tel. é (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.