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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O quadril doloroso do adolescente. Conheça as causas.





A dor no quadril, virilha ou coxa do adolescente é uma queixa frequente encontrada na pratica médica diária.

Existem diversas patologias do quadril, na infância, que podem deixar sequelas anatômicas na articulação e, assim, predispor o início de sintomas dolorosos na adolescência ou na vida adulta jovem.

Para que o leitor entenda, é preciso saber que, a anatomia normal do quadril revela uma cabeça femoral com o formato esférico (redonda), coberta quase que completamente por uma estrutura chamada de acetábulo (considerado o teto da articulação) e, por uma estrutura fibrocartilaginosa chamada de labrum.
Essas estruturas (cabeça femoral e o acetábulo ), precisam ter uma relação anatômica perfeita para a articulação ser considerada congruente.

Diversas patologias da infância produzem anormalidades na anatomia do quadril, seja na cabeça femoral que perde a sua forma arredondada, na junção entre a cabeça e o colo femoral (gerando impacto femoroacetabular) ou  no acetábulo, que perde a sua capacidade de cobrir a cabeça femoral.

Com isso, a articulação passa a ter seu funcionamento prejudicado, podendo não apresentar sintomas precocemente na infância mas, na fase de adolescente ou adulto jovem, as queixas dolorosas surgem.


As principais patologias do quadril pediátrico que produzem sequelas anatômicas são:

- Displasia do desenvolvovento do quadril (Luxação congênita do quadril);
- Epifisiólise;
- Doença de Legg-Calvé-Perthes;
- Sequelas pós-infecciosas (artrite séptica).

Portanto, quando diante de um adolescente ou adulto jovem, com dor no quadril, é muito importante perguntar e conhecer o histórico de patologias do quadril na infância, bem como, seus tratamento prévios.

As caracteristicas da dor:


Geralmente o relato é de dor crônica, intermitente, podendo ser exacerbada com caminhadas longas, prática esportiva, subir escadas ou permanecer por muito tempo sentado. Pode haver sensação de estalidos dolorosos com ou sem bloqueio do movimento, bem como sensação de falseio ou instabilidade articular.

A marcha:

Episódios intermitentes de claudicação (mancar), são frequentes, podendo ocorrer apenas nos momentos de dor mas, pode ser uma característica constante e marcante da marcha dos pacientes acometidos, principalmente nos que tem deformidade fixas e encurtamento do membro inferior.

A análise médica:

É rotina examinar o alinhamento dos membros inferiores, bem como o seu comprimento.

Sabemos que as sequelas das patologias da infância, nos quadris, frequentemente cursam com encurtamento do membro acometido.

A mobilidade articular passiva também precisa ser avaliada com um cuidadoso exame fisico articular.

Manobras especificas visando diagnosticar contraturas e deformidades fixas na articulação, são fundamentais na avaliação médica.

Testes clinicos provocativos podem elucidar a origem da dor e portanto, devem ser obrigatoriamente realizadas.

Os exames complementares de imagem:

São fundamentais para confirmação diagnóstica e planejamento quanto ao tratamento. As principais imagens solictadas são radiológica, tomografica e ressonância magnética. Cada modalidade deve ser solicitada, de acordo com os achados do exame físico realizado.

O tratamento:

Tem como objetivo obter analgesia, recuperar os movimentos, corrigir deformidades e evitar a progressão para osteoartrose precoce do quadril.

As modalidades de tratamento vão depender do diagnóstico etiológico,  podendo ser conservador (não cirúrgico) ou cirúrgico (aberto ou artroscópico).

As cirurgias de preservação do quadril são as que predominam, na maioria das vezes, podendo ser citadas as osteocondroplastias do colo femoral, as osteotomias periacetabulares e as osteotomias femorais. Algumas vezes, uma combinação destes procedimentos será necessário.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel (Ortopedista Pediátrico)

Cosultório: Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

As órteses na criança com paralisia cerebral. Benefícios e limitações



O que é uma órtese?

Para que serve?

Quando deve ser usada e quando é contra indicada?

Este artigo é direcionado para você que é pai, mãe ou cuidador de uma criança com paralisia cerebral e que, muitas vezes, não teve a oportunidade de esclarecer dúvidas, definições e funções de uma órtese.

Quantos de vocês tiveram prescrições de órteses para seus filhos/as porém, nunca foi explicado quais os beneficios e limitações deste aparelho.

As órteses são aparelhos usados para melhorar o alinhamento das articulações, principalmente aquelas envolvidas na locomoção.

As órteses que são frequentemente usadas em crianças com paralisia cerebral, são conhecidas como AFO (Ankle, Foot, Orthoses), ou seja, órtese tornozelo-pé.


Elas podem ser fixas ou não articuladas, articuladas ou órteses de reação ao solo.

Na paralisia cerebral espástica, os tornozelos e pés são segmentos corporais muito acometidos pela hipertonia muscular, sendo portanto, sujeitos a deformidades com o crescimento esquelético da criança.

As principais deformidades que são observadas nos pés são os pés equinovalgo, ou seja, clinicamente são planos e os pés equinocavovaro, ou seja, clinicamente vemos o pé torto neurológico.

Sabendo disso, fica fácil entender que os pés e tornozelos precisam de atenção ortopédica precocemente para mante-los livres que deformidades que prejudiquem o desempenho motor da criança.

Portanto, as principais funções e objetivos das orteses AFO são:

- Melhorar o alinhamento dos tornozelos e pés mantendo-os posicionados adequadamente para que a criança possa ser colocada em pé, possa usar calçados e, nas que tem capacidade de marcha, possam ter marcha mais eficiente;

- Permitir um suporte externo para tornozelos e pés, melhorando a estabilidade para ortostatismo (ficar em pé) e consequente equilibrio;

- Diminuir a velocidade de progressão das deformidades com o crescimento esquelético da criança;

- Nas crianças que caminham, as órteses impedem que a frente do pé arraste no chão no momento do passo (fase de balanço da marcha)

As deformidades nos pés da crianças são complexas e acometem a parte de trás do pé (retropé), o mediopé (meio do pé) e a frente do pé (antepé).

Estudos foram desenvolvidos para saber se, com as órteses, os parâmetros radiológicos dos 3 segmentos do pé acometidos pela deformidade, podem ser corrigidos, ou seja, se as órteses restabelecem as relações ósseas e articulares normais dos pés.


Neste quesito, os resultados revelam que as deformidades em equinovalgo dos pés (planos), são as que melhor se adaptam as órteses pois, são deformidades mais flexiveis, podendo ser mantidas alinhadas em posicão fisiológica com as órteses, mesmo assim, apenas 45% conseguem restabelecer um parâmetro radiológico, seja do retropé, mediopé ou antepé.

Quando consideramos os pés tortos neurológicos (equinocavovaro), os resultados são ainda piores, com apenas 20% conseguindo restabelecer um parâmetro radiológico. A explicação para isso vem a ser que, essas deformidades tem comportamento mais rígido.

Com isso, podemos concluir que, a principal limitação das órteses vem a ser a incapacidade de corrigir deformidades, ou seja, a melhora o alinhamento do pé ocorre porém, as relações articulares (congruência das articulações do pé), não são corrigidas com o aparelho e, assim, os parâmetros radiológicos normais, na maioria da vezes, não são corrigidos.

Portanto, quando os pés tem deformidades que não são capazes de ser controladas com as órteses, fica claro e fácil entender que, precisam ser corrigidas com as cirurgias ortopédicas e com isso, restabelecer as relações articulares normais e os parâmentros radiológicos, tornando-os plantigrados e bem posicionados para sustentar o peso corporal e permitir que a criança fique em pé e troque passos, naquelas que tem capacidade motora para isso.

Obrigado pela atenção,

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel (Ortopedista Pediátrico)

Para marcar consulta ligue: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Lombalgia em crianças: Mitos e verdades.



Existem diversas causas para dor lombar em crianças e adolescentes.

A hérnia discal é uma das possibilidades diagnósticas quando estamos diante de um adolescente com lombalgia ou lombociatalgia.

O disco interverterbal é uma estrutura anatomica localizado entre os corpos vertebrais e tem como função absorver os impactos na coluna vertebral e permitir a mobilidade entre os corpos vertebrais, sendo formado por um anel fibroso e um núcleo pulposo.

Chamamos de hérnia discal a lesão do anel fibroso com protusão do núcleo pulposo. (foto abaixo)


 O fator predisponente mais associado para hérnia discal, em adolescentes, vem a ser o traumatismo local.

Os traumas podem ocorrer de forma aguda, como nas quedas ou, serem recorrentes e repetitivos, como os que ocorrem nas práticas esportivas de contato.

O quadro clínico encontrado, na maioria das vezes é a de um adolescente com dor lombar (lombalgia) ou dor na face posterior do membro inferior.


Pode referir também fraqueza no membro inferior acometido com sensação de formigamento ou de dormência na perna, embora déficit neurológico não seja frequente nesta faixa etária.

Um achado do exame fisico muito frequente, que deve ser realizado obrigatóriamente na consulta, pelo profissional de saúde, vem a ser a reprodução ou piora da dor lombar ou na face posterior da coxa com a manobra de elevação da perna reta. Essa manobra, quando positiva, indica irritação da raiz nervosa acometida pela hérnia.


O adolescente acometido também apresenta impossibilidade de inclinar o tronco para frente, quando está na postura ereta, devido ao quadro doloroso, dor a palpação da musculatura lombar com espasmo muscular e escoliose antálgica com limitação na mobilidade da coluna lombar.

Diante deste quadro, uma avaliação neurológica dos membros inferiores é obrigatória com testes de força muscular e avaliação dos reflexos tendinosos.

A confirmação diagnóstica é feita com exames de imagem sendo que a radiografia, ressônancia magnética e tomografia são as mais utilizadas, cada uma com suas indicações específicas.

As regiões mais acometidas pela hérnia discal lombar são entre a quarta e quinta vértebras ou entre a quinta vértebra lombar e a primeira sacral.


O diagnóstico diferencial deve ser feito com fratura por avulsão da perede posterior do corpo vertebral (fratura apofisária) e, para isso, exame de imagem é fundamental.

O tratamentio incial deve ser conservador, ou seja, não cirúrgico e consiste em repouso, uso de analgésico, anti-inflamatório, relaxante muscular e fisioterapia.

O tratamento cirúrgico deve ser recomendado para aqueles casos refratários ao tratamento conservador ou que apresentam déficit neurológico progressivo.

Conclusão:

Hérnia discal é uma das possibilidades diagnósticas para lombalgia em adolescentes.

O diagnóstico exige um cuidadoso exame físico ortopédico e neurológico dos membros inferiores e, exames de imagem, são fundamentais para a confirmação e diagnósticos diferenciais.

Obrigado pela atenção.

Um abraço a todos.

Dr. Maurício Rangel

Para marcar consultas ligue: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239