Criança e Saúde

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sábado, 29 de setembro de 2012

A patologia do polegar de recém nascidos





Anatomia

O dedo polegar é formado por duas falanges que se articulam através da articulação conhecida como interfalangeana.

A mobilidade em flexão do polegar (aproximar o polegar da palma da mão, ou seja ,fechar o polegar), é determinado pela ação de tendões.

Os tendões são revestidos por uma bainha que, permite o adequado deslizamento tendinoso, e o movimento suave do polegar, sem bloqueios.

Para que a articulação do polegar seja considerada normal, é preciso que o movimento em extensão (esticar) e flexão (dobrar), ocorra livremente e sem resistência ou bloqueio.

Os dedos das mãos de recém nascidos, permanecem em atitude de flexão durante os meses iniciais de vida.

O exame do bebê, deve incluir a mobilidade passiva dos dedos, principalmente do polegar onde, algumas vezes, somos surpreendidos com uma contratura em flexão fixa da articulação interfalangeana do polegar.

Essa deformidade pode passar despercebida pois, como foi dito, os dedos da  mão de recém nascidos permanecem em atitude de flexão, principalmente durante os primeiros 3 meses de vida.



O polegar em gatilho:

Trata-de de uma patologia ortopédica em que, a articulação do polegar permanece em atitude de flexão fixa, com impossibilidade de extensão completa.




No exame ortopédico observamos, na palpação da base do polegar, a formação de um nódulo (caroço), endurecido e indolor, na maioria das vezes.


A causa:

É desconhecida, existindo controvérsia, na literatura, se é uma patologia congênita ou adquirida.


O que ocorre?

Sabemos que há um estreitamento da bainha do tendão flexor longo do polegar e a formação do nódulo dentro do tendão. 

O tendão fica impossibilitado de ter o movimento de deslizamento adequado,  bloqueando e dando origem a deformidade fixa, na articulação do polegar.


Como fazer o diagnóstico?

Só pode ser feito com o exame físico da mobilidade dos dedos das mãos das crianças.

Frequentemente, a patologia passa despercebida, nos meses iniciais, pela combinação de fatores: 

- Falta de exame físico adequado e;

- Manutenção da posição de repouso em flexão dos dedos da mão de recém nascidos.

Muitas vezes, as crianças chegam para avaliação, em uma fase mais tardia porque, a família observou dificuldade no manuseio de brinquedos, devido ao bloqueio do movimento do polegar.




Precisa exame complementar de imagem?

Não, o diagnóstico é feito só com o exame clínico ortopédico.


A história natural:

Quando o diagnóstico é feito em recém nascidos, estatísticas revelam que, 30% terão correção espontânea sem tratamento.

Quando o diagnóstico é feito após 6 meses, só 12% terão correção espontânea.


O tratamento:

Quando o diagnóstico é feito abaixo de 1 ano de idade, a atitude é realizar exercícios suaves visando a extensão progressiva do polegar e observação com consultas em intervalos pré-determinados.

Nas crianças acima de 1 ano de idade, o tratamento recomendado é a cirurgia ortopédica.


A cirurgia:

Via de acesso na prega de flexão do polegar, como na foto abaixo.




Liberação do estreitamento da bainha tendinosa do músculo flexor longo do polegar, permitindo a correção da deformidade.




Veja a extensão completa do dedo, obtida no ato operatório.



Conclusões:





Polegar em gatilho tem uma incidência de 1:2000 nascidos.

Deve ser procurado no exame físico das crianças de baixa idade.

Quando não tratado, leva a prejuízo nos movimentos finos do polegar, podendo, inclusive, causar dor as tentaivas de extensão forçada do dedo.

O tratamento é bastante eficaz, restabelecendo as funções normais da mão da criança.


Um abraço a todos;

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br


sábado, 22 de setembro de 2012

Dor na coluna lombar em crianças



Conhecendo a principal causa.




A coluna lombar é formada por 5 vértebras que estão alinhadas, uma sobre as outras e separadas pelos discos intervertebrais.

O alinhamento vertebral forma uma curva fisiológica e normal conhecida como lordose.

O aumento da lordose é chamando de hiperlordose lombar.




A vértebra é formada pelo corpo vertebral, situado na parte da frente e pelo arco posterior, atrás.

Dentro do arco posterior passa a medula espinhal.


A patologia:


A principal causa de dor lombar em crianças e adolescentes é chamado de espondilólise.


O que é isso?





Trata-se de uma lesão óssea, no arco posterior vertebral, dolorosa, podendo levar a instabilidade e deslizamento de uma vertebra sobre a outra (espondilolistese), em 15% dos casos.


A causa:




A principal teoria seria de que a lesão representa uma fratura por "stress" (sobrecarga repetitiva), com fadiga do arco posterior vertebral, em crianças com hiperlordose lombar.

Está associado a impacto repetitivo local, em crianças e adolescentes que praticam esportes que favorecem a hiperextensão lombar.


Incidência:


5% da população tem espondilólise porém, nem sempre tem sintomas.

É 3 vezes mais comum em meninos do que em meninas.


As queixas da criança:





A principal causa identificável de dor lombar em crianças e adolescentes é a espondilólise.

40% das crianças relatam trauma local como o evento para iniciar sintomas.

A maioria das crianças tem hiperlordose lombar mas, pode ocorrer achatamento e retificação da lordose, nos casos onde o deslizamento de uma vértebra sobre a outra já ocorreu.

Manobras para hiperextensão da coluna desencadeiam sintomas.

Dificuldade para sentar e caminhar, com marcha com passos curtos, na maioria das vezes é encontrado.

Dificuldade para extensão dos joelhos, devido ao encurtamento dos músculos posteriores da coxa.

Nos casos de compressao radicular, fraqueza muscular e alterações dos reflexos tendinosos são encontrados.


Como fazer o diagnóstico?


A confirmação exige exame de imagem sendo, na maioria das vezes a radiografia 
simples, o exame necessário.




Tomografia computadorizada e ressonância magnética, só devem ser solicitados em situações específicas. 


O tratamento:


Não cirúrgico:


- Afastamento das atividades físicas;

- Analgésicos;

- Fisioterapia, visando correção da hiperlordose lombar, alongamento muscular, 
fortalecimento muscular do tronco;




- Coletes - Podem ser usados, principalmente para crianças com sintomas agudos e de forte intensidade. Tem como objetivo analgesia e redução da lordose lombar.


Os resultados:


80% das crianças e adolescentes resolvem seus sintomas sem cirurgia.

Acima de 90% dos pacientes retornam aos mesmos níveis de atividade física, prévios a lesão.

Lesões em vértebras acima da quinta lombar, tem melhor prognóstico. 


A cirurgia:


Indicado para casos refratários ao tratamento conservador;

Crianças e adolescentes com dor radicular e sinais de compressão da medula espinhal;

Deslizamentos vertebrais (espondilolistese) acentuados.


Conclusões:




Dor na coluna lombar em jovens é uma queixa comum.

Devemos sempre valorizar e investigar a causa do sintoma.

Espondilólise é a principal causa e um bom diagnóstico, tratamento e acompanhamento adequados, são fundamentais para garantir ao jovem uma coluna sem sintomas ou preocupações futuras. 


Um abraço a todos

Dr. Maurício Rangel

Tel.: (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239
E-mail: dr.mauriciorangel@yahoo.com.br