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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Como preservar os quadris das crianças cadeirantes?




Crianças com paralisia cerebral espástica, ou seja, com tônus muscular aumentado, tem risco de desenvolverem patologias nos quadris devido ao desequilíbrio dos músculos ao redor da articulação.


As crianças cadeirantes são as de maior risco para apresentarem perda progressiva da relação articular do quadril durante os anos de crescimento esquelético.


Chamamos de subluxação do quadril quando ocorre uma perda parcial da relação articular entre a cabeça femoral e o acetábulo.
Quando existe uma perda completa da relação entre a cabeça femoral e o acetábulo, estamos diante de uma quadro de luxação neurológica do quadril.

As patologias do quadril são mais comuns nas crianças cadeirantes, com paralisia cerebral do tipo tetraparesia espástica, ou seja, quando o tônus muscular aumentado acomete o 
corpo todo.



São crianças graves que, frequentemente tem impossibilidade de alimentação por via oral e, por isso, tem gastrostomia, para a melhora nutricional, algumas tem dificuldade respiratória com excesso de secreção pulmonar, exigindo traqueostomia e também crises convulsivas de difícil controle. 


Os problemas para a criança e cuidadores:




Quadris subluxados ou luxados provocam diversos problemas sendo que, os principais são:

- Contraturas articulares, ou seja, posições viciosas fixas do quadril que dificultam a higiene perineal pois, os músculos hipertônicos impedem a abertura dos quadris para a troca de fralda da criança.

- Dor com as tentativas forçadas para movimentar o quadril e posicioná-lo de maneira adequada;

- Desvio da pelve (osso da bacia), impedindo ou dificultando a postura sentada na cadeira de rodas;

- Este desvio da pelve, chamado de obliquidade pelvica é um dos fatores que favorecem o surgimento de escoliose em crianças cadeirantes

A preservação dos quadris, mantendo-os bem posicionados ao longo do tempo é uma preocupação de todos que lidam com a criança cadeirante.




É importante indentificar e tratar precocemente os casos que apresentam sinais de risco para os quadris.

O primeiro sinal de alerta para os profissionais de saúde que lidam com o tratamento das crianças com tetraparesia espástica, vem a ser a perda progressiva da capacidade de abertura dos quadris, observada no exame físico ortopédico.

Exames de imagem devem ser solicitados de rotina para verificação dos parâmetros articulares normais dos quadris.


O acompanhamento deve ser regular, seguindo as consultas de rotina ortopédicas.

Uma vez determinado que os quadris estão em risco, o tratamento cirúrgico ortopédico se torna a indicação obrigatória. Sabemos que é a única forma de impedir a progressão da patologia e preservar os quadris bem posicionados.


O tratamento cirúrgico pode ser preventivo (quando nas fases iniciais de subluxação) ou reconstrutivo (quando já existe a luxação mas, com a cabeça femoral esférica)

É mais simples o tratamento preventivo, visto que é realizado através de alongamentos cirúrgicos dos músculos encurtados, sem a necessidade de cirurgia óssea.

A cirurgia reconstrutiva é mais complexa e envolve também, a realização de procedimentos ósseos no femur e no acetábulo, permitindo a manutenção estável da posição dos quadris.



O que esperar do resultado da crirugia reconstrutiva?

Os estudos revelam que ocorre melhora dos parâmetros radiológicos articulares, alívio dos sintomas dolorosos, correção das contraturas articulares e melhora no posicionamento sentado na cadeira de rodas.

Em linhas gerais promove a melhoria da qualidade de vida da criança com grave espasticidade.




Complicações sempre podem ocorrer e, as principais são: reluxação, recidiva da subluxação, infecção da ferida operatória, não consolidação das cirugias ósseas, fraturas por desuso

Alguns casos, durante o acompanhamento a longo prazo, necesstarão de cirurgias complementares para o tratamento de recidiva de contraturas mas, principalmente devido ao surgimento de deformidade no quadril contra-lateral.

Mesmo no pós-operatório, as crianças precisam de acompanhamento ortopédico regular, até o final do crescimento esquelético.



Conclusões:

A qualidade de vida das crianças cadeirantes com paralisia cerebral depende de diversos fatores sendo a manutenção da posição dos quadris, uma preocupação constante.

Deixar os quadris sem acompanhameto ortopédico regular é um erro que prejudica muito a qualidade de vida da criança.

O tratamento cirúrgico ortopédico é a regra durante o crescimento da criança espástica, permitindo prevenir e aliviar os sintomas relacionados a patologia dos quadris.


Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239

 

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