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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Por que crianças tem dor noturna nas pernas?





 Dor noturna nos membros inferiores é uma queixa comum nas consultas ortopédicas pediátricas.

Estabelecer a causa exata para o problema não é uma tarefa fácil.

Saber as características da dor, sua localização, a frequência em que ocorre, presença ou não de sinais inflamatórios locais, o estado geral da criança e o exame da marcha com principal atenção para possível claudicação (mancar), nos darão pistas sobre as possibilidades de diagnóstico.

Dentre as diversas possibilidades, devemos sempre ter em mente o diagnóstico de osteoma osteóide.



O que é osteoma osteóide?




Trata-se de uma lesão óssea benigna ativa, pequena, que compromete os ossos longos principalmente dos membros inferiores, ou seja, o femur (osso da coxa) e a tíbia (osso da perna).

Acomete crianças e adolesccentes.

Clinicamente caracteriza-se por dor intermitente no segmento acometido, que piora a noite, muitas vezes, acordando a criança e exigindo inclusive uso de analgésico para amenizar a queixa.




O estado geral da criança permanece inalterado mas há, frequentemente, leve e sutil claudicação (mancar) na marcha.

No exame físico ortopédico, frequentemente, conseguimos localizar o segmento acometido pela dor (femur ou tíbia) pois, a dor pode ser provocada por manobras específicas.




A suspeita diagnóstica, só pode ser confirmada com a realização de exames de imagem sendo a radiografia simples e a tomografia os mais indicados.

O diagnóstico pode ser feito com a combinação de história clínica, exame físico específico e exames de imagem.

Geralmente não há necessidade de biópsia para a confirmação.

O que encontramos no exame de imagem?

A imagem típica caracteriza-se por uma área central escura, chamada de "nidus", rodeada por uma área esclerótica, ou seja, branca, que representa osso normal pios, a lesão é produtora de osso.

Note a área escura central rodeada por área branca periférica.


Outra caracteristica encontrada é a de ser uma lesão pequena e bem delimitada.

A lesão não enfraquece o osso e, portanto, não leva a fratura dita patológica, ou seja, aquela provocada por trauma de baixa intensidade em osso acometido por patologia prévia.

O principal problema da lesão é a dor incapacitante para a criança que necessita de tratamento.




Quais as principais modalidades de tratamento?

O tratamento depende da localização da lesão e da intensidade dos sintomas.

A principal modalidade existente é a ressecção cirúrgica do "nidus" (área central da lesão), com o procedimento sendo realizado sob controle de intensificador de imagem.

Em lesões de difícil acesso cirúrgico, há a possibilidade de ablação térmica do "nidus" (área central da lesão), com radiofrequência, em procedimento feito sob anestesia e guiado por tomografia computadorizada para a exato posicionamento do cateter de radiofrequência.

O prognóstico é bom, evoluindo para a cura completa da lesão e sintomas, desde que o "nidus" seja ressecado completamente.

Recorrências podem ocorrer se a ressecção cirúrgica da área central da lesão for incompleta.




Conclusões:

Fazer o diagnóstico exato para a dor noturna nos membros inferiores de crianças, nem sempre é uma tarefa fácil.

Existem diversas possibilidades de diagnóstico diferencial para a mesma queixa.

Somente através de consulta ortopédica detalhada com história clínica, exame físico específico e exames de imagem, chegaremos a causa exata.

O osteoma osteóide deve ser sempre incluido como uma dessas possibilidades de diagnóstico.

Um abraço a todos,

Dr. Maurício Rangel

Tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239





4 comentários:

  1. Meu filho sente dores nas pernas com frequência. A primeira vez que ocorreu ele tinha 4 anos e acordou chorando muito e reclamava de "caibras". Nem sabia se realmente ele sabia o que era câimbra. Passaram-se alguns dias e ele reclamou novamente. Antes do episódio eu já havia consultado um ortopedista pediatra por conta do famoso "pé chato" e por temer que ele tenha joelhos geno valgo (como ocorre comigo e o pai dele). O médico me despreocupou e disse que ele melhoraria quando completasse 5 anos e que não seria necessário o uso de nenhuma palmilha ou órtese. Após o episódio das dores nas pernas eu comentei com a pediatra que pediu que observasse e só. Ele reclama das tais câimbras com menos frequência, mas ainda ocorrem. Existe tratamento para as dores e para melhoria dos joelhos, já que durante a marcha as coxas roçam? Existe alguma relação? Não temo só pela dor que ele sente, mas também pela estética, pois receio que ele possa sofrer bulling como foi meu caso na adolescência.
    Cláudia.
    claudiamatos1976@hotmai.com

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    1. Boa tarde, para analisar o alinhamento dos membros inferiores precisamos saber a medida da distância intermaleolar e a avaliação radiológica do eixo mecânico de carga dos membros inferiores. Somente com esses dados podemos fazer uma programação quanto ao tratamento. Maiores esclarecimentos marque consulta ortopédica, tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239. Um abraço.

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  2. Minha filha tem 3 anos e meio e tem muitas dores nas pernas, mais não só a noite, elas pioram a noite e no outro dia de manha ela nem anda e mexe as pernas, isso já aconteceu com ela 3 vezes a ultima foi a 7 dias, na primeira levei-a no ortopedista pois ela usa sapato ortopédico e tem os joelhos de tesourinha; ele tirou radiografia (escaniometria) e não deu nada, ai ele pediu exames de sangue da parte reumática tbem não deu nada; ai ele passou apenas uma pomada "flexive cdm"e analgésico. Dessa ultima vez eu a levei na pediatra dela mesmo e a pediatra a encaminhou ao neurologista pois suspeita de MIOSITE; ele pediu outras radiografias e outros exames de sangue, estou aguardando o resultado mais estou muito preocupada, pois é uma dor que vem do nada e ela grita muito de dor e depois de uns dias some. Será que da parte ortopédica não há mais nada a ser feito ?

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    1. Boa tarde, não tenho como dar opinião sem examinar a criança. Precisa ser submetida a exame físico específico para as articulações dos membros inferiores. Sugiro que marque horário no consultório, tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239. Um abraço.

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