Está diretamente relacionado a classificação motora funcional da criança (GMFCS).
Para um quadril ser considerado em risco, é preciso que o percentual de migração lateral esteja acima de 30%.
Esse é um critério objetivo, que é definido através de exame de imagem do quadril.
O deslocamento do quadril pode resultar em dor, diminuição da função com dificuldade para ficar em pé e para realizar as transferências, dificuldade para a abertura das pernas para a troca de fralda e higiene perineal.
O risco para o deslocamento dos quadris é maior nas crianças não andadoras (cadeirantes), que tem dificuldade na sustentação da cabeça, onde o desequilíbrio muscular ao redor do quadril, associado a ausência de sustentação do peso corporal sobre os quadris, permitem o surgimento de alterações ósseas progressivas como coxa valga, anteversão femoral e displasia acetabular.
O programa de vigilância dos quadril, é um protocolo que existe no mundo todo (universal), onde todas as crianças portadoras de paralisia cerebral tem o monitoramento clínico e com imagem da congruência articular dos quadris, visando o diagnóstico precoce daqueles quadris de risco e o seu imediato tratamento.
Uma vez definido que o quadril está em risco, com exame clínico da limitação do grau de abdução dos quadris e do elevado percentual de migração lateral da cabeça femoral , através de exame de imagem, devemos indicar o tratamento eficaz de imediato.
O método não operatório com órteses ou com injeção de botox não é eficaz para o tratamento dos quadris subluxados na paralisia cerebral.
O único tratamento eficaz em corrigir a subluxação do quadril e garantir a congruência articular na paralisia cerebral, é o tratamento cirúrgico.
As cirurgias se subdividem em procedimentos preventivos, reconstrutivos e de salvamento.
A filosofia é prevenir sempre, reconstruir as vezes e, sempre que possível, evitar as cirurgias de salvamento.
A cirurgia preventiva é aquela que deve ser realizada na criança de baixa idade, desde que os quadris demonstrem os sinais de risco citados acima.
Trata-se de um procedimento em que é realizado o alongamento cirúrgico dos músculos flexores e adutores do quadril.
O protocolo de vigilância do quadril na paralisia cerebral é fundamental para a identificação precoce dos quadris em risco e para a realização do tratamento cirúrgico eficaz.
A excelência dos resultados estão diretamente relacionados ao percentual de migração lateral da cabeça femoral no momento da indicação, nunca excedendo 50%.
Conclusões:
- Todas as crianças com paralisia cerebal precisam fazer o protocolo de vigilância com determinação clínica do grau de abertura dos quadris e com determinação do percentual de migração lateral no exame de imagem.
- Aqueles quadris em risco devem ser submetidos ao tratamento preventivo de imediato.
- Crianças cadeirantes, com pouca sustentação da cabeça e com tetraparesia espástica são as de maior risco para patologias dos quadris.
Obrigado pela atenção.
Um abraço a todos.
Dr. Maurício Rangel
Para marcar consulta, tel. (21) 3264-2232/ (21) 3264-2239.
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